Para amar é preciso parar de jogar

Todo mundo já leu ou ouviu que não há bula, receita, fórmula mágica ou regras para construir e viver um relacionamento amoroso. Ainda assim, no entanto, vemos constantemente pessoas utilizando-se de jogos, artimanhas, interpretações, insinuações e ações premeditadas para conquistar alguém.

Quer exemplos? Não ligar no dia seguinte para não demonstrar interesse, não ter relações sexuais na primeira noite para não parecer fácil, não atender telefonemas para não parecer desespero, mandar mensagem em uma hora determinada para causar impacto, não apresentar a família para não insinuar relacionamento, não firmar relacionamento para não demonstrar que gosta da pessoa. E tantas coisas mais.

Ou seja: muitas pessoas lidam com o amor como se fosse um jogo. Em que um perde e o outro ganha. Em que um deles se apaixona depois de várias táticas. Em que se apaixonar é um ato de fraqueza. Em que é necessário deixar sempre alguém disponível, guardado na estante. Em que conquistar alguém é mais importante do que viver um relacionamento. Em que dizer o que sente é errado.

Basta olhar para os lados e observar que maior parte das pessoas deseja um amor, mas faz de tudo para não se envolver emocionalmente. Tentando manter o controle da situação, direcionando técnicas de conquista, evitando demonstrar seus sentimentos e se relacionando com mais de uma pessoa ao mesmo tempo para não se apegar a nenhuma.

Desde que ninguém esteja sendo enganado e não haja promessas, não há mal nenhum em “pegar sem se apegar”. É inclusive de uma honestidade admirável deixar claro que não quer ter um relacionamento naquele dado momento. Mas se você quer um amor, você está fazendo tudo errado. Para amar é preciso se apegar.

Atenda o telefonema, ligue no dia seguinte e perca o medo de fazer papel de ridículo. Porque amar é ser ridículo mesmo. Amar não combina com jogos de conquistas, ações predeterminadas, comportamentos ensaiados. Amar é não controlar os sentimentos. É se deixar levar por cada um deles.

Se você quer amar, pare de jogar. Pare de ensaiar. Pare de formular frases. Pare de dizer não quando quer dizer sim. Pare de fingir. Pare de demonstrar o que não é.  O amor não depende da leitura da arte da guerra. Depende de sentimentos. Depende de ouvir o coração.

O amor acontece quando menos se espera. Mas só para quem está convencido de que a lógica e a razão não combinam para as coisas do coração. Só para quem para de jogar.

“Quem um dia irá dizer que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer
Que não existe razão?”

Renato Russo

Crônica publicada no dia 30 de maio de 2016 no Amor Crônico.

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Giseli Rodrigues

Mãe do Lucas. Escritora. Professora. Revisora. Especialista em Letras, Recursos Humanos e Gestão Empresarial. Estudante de Psicologia. Chocólatra. Flamenguista. Pintora nas horas vagas. Bem-humorada. Feliz.

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