Amor mal resolvido

Certamente você também conhece alguém que tem – ou teve – um relacionamento complicado. Ou já viveu um deles. Relacionamentos cheios de idas e vindas. Brigas e pedidos de paz. Também conhece muitas as pessoas que se envolvem com quem já têm alguém. Que amam quem não quer nada além de uma noite. Que desejam um relacionamento, mas se envolvem com quem diz não estar preparado para isso.

O que são amores mal resolvidos se não amores não correspondidos? É difícil  aceitar quando a paixão impede de enxergar com clareza, mas se é mal resolvido não é amor. Pode render prazer momentâneo e encontros divertidos, mas depois você se encontra sozinho, com ligações não atendidas, mensagens não respondidas, encontros desmarcados. Sofre, chora e imagina o que poderia ter sido.

Aprendemos que amar é sofrer. Que o amor tudo aceita, tudo suporta, tudo espera. Mas não é amor se faz sofrer. Não é amor se não tem tempo para você. Não é amor se faz declarações, mas não te assume. Não é amor se jura que vai separar, sai de longe para te ver, mas não resolve a vida para estar com você definitivamente. Não é amor se não faz nada para ter mais do que encontros espaçados. Não é amor se não te inclui. Não é amor se sente vergonha de você. Não é amor se só te procura para ter sexo.

O amor sempre procura uma solução. Por maiores que sejam as diferenças. Quem ama procura resolver os problemas. Encontra uma maneira de estar junto. Faz com que as coisas se ajeitem. Amor é descomplicado, é simples, é prático. Não deixa as pessoas inseguras, com medo, chorando, arrependidas no dia seguinte.

Histórias de amor mal resolvidas são sempre histórias unilaterais. De pessoas apaixonadas, que fazem de tudo para estar com alguém, ou aceitam estar com alguém sempre que ele tem tempo. Não há mal nenhum nisso, desde que a pessoa não se sinta usada e não esteja esperando mais do que algumas horas de prazer.

Os apaixonados, no entanto, não se contentam com pouco. Querem mais. Querem sempre. Romantizam suas relações acreditando que o outro ama igualmente e só não pode assumir alguma coisa no momento. Acreditam em todas as palavras do outro para justificar que não podem ter nada além do que ele pode dar.

São muitas as histórias de pessoas que vivem por anos relacionamentos que não se concretizam, que não evoluem, que não criam laços, esperando que as coisas mudem. Mas não mudam. São amores mal resolvidos? Ou desamores?

E, mais uma vez, não há problema algum em ficar com alguém por anos sem que o relacionamento ganhe um rótulo. Desde  que ambas as partes estejam cientes de que é isso e nada mais. Não sonhem com mais. Não esperem por mais. E não acreditem que é mais um amor mal resolvido.

“Depois que naveguei na profundidade do amor próprio, nunca mais naufraguei em sentimentos rasos.” (G. Figueiredo)

Crônica publicada no Amor Crônico em 31 de outubro de 2016.

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Giseli Rodrigues

Mãe do Lucas. Escritora. Professora. Revisora. Especialista em Letras, Recursos Humanos e Gestão Empresarial. Estudante de Psicologia. Chocólatra. Flamenguista. Pintora nas horas vagas. Bem-humorada. Feliz.

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