Não rime amor com dor

Muitas pessoas têm uma vocação incrível para se apegar a quem machuca e traz sofrimento. Com quem não atende telefonema, não responde mensagens, aparece quando quer, já tem compromisso com outra pessoa. Parecem gostar de romances complicados, dignos de novelas mexicanas.

Pior do que viver atrás de quem não lhe dá a mínima, é conviver com alguém que nada acrescenta e é violento. Mas conhecemos muitas histórias assim. Algumas porque os protagonistas têm esperança de que um dia a pessoa mude. Ou acreditam que quem ama tudo aceita, tudo perdoa, tudo atura.

Há quem não consiga reconhecer que vive um relacionamento abusivo e violento. E, infelizmente, não é tão simples de identificar quando a violência não envolve socos, chutes, empurrões e pontapés. Quando a violência não é física nem deixa marcas visíveis. Quando quem você ama age de maneira inadequada, mas logo depois enche o companheiro de beijos, pede desculpas, manda flores e jura nunca mais agir assim novamente.

Sinto-me na obrigação de escrever, sempre que possível, que amor não rima com dor, que amar não é sofrer e que o amor TEM QUE SER uma coisa boa, pois leio e ouço muitas histórias de mulheres envolvidas em relacionamentos que lhe fazem mal e acham que é assim mesmo, que a culpa é delas, que fizeram por merecer ou ainda: que não percebem a violência que sofrem, pois aprenderam que amar é sofrer.

É violência quando o homem a ridiculariza na frente dos outros, minimiza suas conquistas, não incentiva seus projetos, faz com que acredite ser incapaz de tomar decisões, ameaça, a proíbe de usar certas roupas, de manter as amizades ou mesmo de ter contato com os seus familiares.

Se, em todas as situações que vocês vivenciam, ele sempre tem razão e você é sempre culpada, alguma coisa está errada. Se ele a faz acreditar que você não pode viver sozinha, deu muita sorte em ter alguém como ele e não merece ninguém, sinal de alerta também. Se você teme as reações dele, faz coisas ou deixa de fazê-las para não desagradá-lo, mais um sinal. Se ele sente um ciúme exagerado, te persegue, não acredita em suas palavras, cuidado.

O amor, quando compartilhado, se multiplica. Traz leveza, confiança, alegria. É claro que todo casal passa por momentos difíceis, briga e se desentende. O que é bem diferente de viver todos os dias com medo, se sentindo maluca, sem saber como o outro vai reagir ou sendo humilhado dentro de sua própria casa.

Se o seu relacionamento te faz mal, não sinta vergonha. Procure ajuda. O verdadeiro amor começa quando amamos a nós mesmos, nos preocupamos com a nossa felicidade e queremos o que é melhor para nós. Ninguém merece sofrer. Menos ainda acreditando que é amor quando é só violência.

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Onde há violência não há amor.

Você está com a pessoa errada.

Crônica publicada no Amor Crônico em 07 de novembro de 2016.

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Giseli Rodrigues

Mãe do Lucas. Escritora. Professora. Revisora. Especialista em Letras, Recursos Humanos e Gestão Empresarial. Estudante de Psicologia. Chocólatra. Flamenguista. Pintora nas horas vagas. Bem-humorada. Feliz.

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