Ciúme é tempero?

A maioria das pessoas já teve o coração dilacerado por uma mentira e tem uma história de traição para contar. Como diz o ditado: gato escaldado tem medo de água fria. E fica difícil confiar novamente, de coração aberto, seja na mesma pessoa ou em outra. Sentir ciúmes, portanto, é compreensível.

Mas, diferente do que muitas pessoas afirmam, o ciúme não é o tempero do amor. Não é, nunca foi e nunca será. Quem já viveu um relacionamento cercado de insegurança e exigências de prova do amor, sabe que ele está mais próximo do veneno do que do tempero.

As relações em que o ciúme predomina, aos poucos vão se tornando tóxicas. Cria-se um ambiente de desconfiança em que um passa a exigir explicações e monitorar a vida do outro constantemente, fazendo com o que o laço que os unia aos poucos enfraqueça.

É difícil lidar com uma pessoa ciumenta. Com alguém que não acredita em suas palavras. Que questiona tudo. Que não aceita sua autonomia e independência. Que aos poucos mina seus relacionamentos com os amigos e a família.

No auge da paixão as pessoas nem percebem que ao invés de amor estão semeando o ódio e o desrespeito. Até porque aprendemos ao longo da vida que ciúme é saudável, é tempero do amor, é uma manifestação de afeto, é a certeza de que o outro se importa com você. Desconstruir isso leva tempo e, muitas vezes, não sem antes estragar alguns relacionamentos.

A maior parte das pessoas tem ciúme de quem ama. É perfeitamente normal sentir insegurança, ter medo de perder e desejar ser o único na vida do outro. Muitos já protagonizaram uma cena de ciúme, porque dentro de cada um de nós habitam todos os sentimentos do mundo.

É importante, no entanto, observar se o ciúme tem fundamento. A pessoa vive mentindo? Inventa desculpas? Já te traiu? Já dilacerou seu coração várias vezes? Em caso afirmativo, talvez seja hora de refletir se compensa viver um relacionamento onde não há respeito, porque o ciúme não fará o comportamento do outro mudar.

Um relacionamento saudável é constituído de duas pessoas inteiras, que se amam, se respeitam, estão juntas por vontade. É lógico que, como seres imperfeitos e em constante desenvolvimento, serão invadidos pelo ciúme vez outra. Mas ele não pode dominar as atitudes, azedar o relacionamento nem fazer com que a vida se torne um inferno.

Pedir a senha das redes sociais, vasculhar as coisas do outro, exigir que envie a localização de onde está, por exemplo, não são atitudes saudáveis. Se você já se pegou fazendo isso ou vive situações semelhantes reveja o seu relacionamento.

O amor deve trazer bem-estar, leveza e colorido à vida. Não tristeza, desconfiança e dor. E, na maior parte das vezes, o ciúme vai minando tudo que existia de melhor no amor.

Crônica publicada no Amor Crônico em 12 de setembro de 2016.

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Giseli Rodrigues

Mãe do Lucas. Escritora. Professora. Revisora. Especialista em Letras, Recursos Humanos e Gestão Empresarial. Estudante de Psicologia. Chocólatra. Flamenguista. Pintora nas horas vagas. Bem-humorada. Feliz.

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