O que ficou para trás

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Algumas pessoas tem por hábito imaginar como seria suas vidas se tivessem acontecido outras situações ao longo do seu percurso. E se…? Se tivesse nascido em outra família? Morasse em outro lugar? Estudasse em outro colégio? Conhecesse outras pessoas? Tivesse feito outra faculdade? Trabalhasse com outra coisa?

Eu não. Pelo menos até o momento não costumo pensar no quanto minha vida seria diferente hoje se eu tivesse tomado outras decisões e vivenciado outras experiências. O que para uns pode ser conformismo para mim é apenas a tentativa de viver plenamente o momento presente. Aproveitar o agora. Exatamente do jeito que ele é.

O mesmo vale para o amor: o que importa é o agora. É preciso deixar – verdadeiramente – o que ficou para trás. É impossível viver apaixonadamente uma relação se a pessoa está apegada ao passado. Se não acredita que agora está onde realmente deveria estar. Se não aposta todas as fichas em quem está ao seu lado hoje.

Não acredito em pessoas que ainda mantêm vínculos com quem se relacionava no passado e guarda todos os contatos para que, no dia em que o relacionamento atual não dê certo, tenha como buscar uma companhia já conhecida. E conheço muitas pessoas assim.

Será que escolhi a pessoa certa? E se tivesse ficado com outra pessoa? E se tivesse perdoado daquela vez? Estaríamos juntos? O que eu estaria vivendo agora? Francamente. Nunca saberemos a resposta. Não por acaso vários filmes contam histórias sobre voltar no passado ou ver o futuro.

Um monte de gente no mundo reclama que não consegue viver um relacionamento estável. E alguns que encontram uma pessoa bacana vivem a insegurança de não estar fazendo a coisa certa. Seria o mundo injusto? Não. É só o ser humano e sua capacidade infinita de não estar satisfeito com o que tem, com quem tem, o que vive. De olhar só para o que poderia ter sido. De acreditar que os outros têm sempre melhor sorte e vivem coisas mais emocionantes.

Talvez seja essa a receita da felicidade: estar feliz onde está. Com quem está. É fazer do agora um momento bonito e cheio de alegrias. Remoer o que poderia ter sido só traz infelicidade. A insatisfação, que todo mundo tem vez outra, deve ser estímulo para que as coisas tornam-se melhores. Não uma doença crônica que impede de apreciar, viver e agradecer o tempo presente.

Precisamos aprender com o que vivemos, mas não lamentar o que poderia ter sido. Até porque, quando se trata de um relacionamento amoroso, é correr o risco de deixar escapar uma pessoa legal e, no futuro, ficar imaginando o que poderia estar vivendo ao lado dela.

O passado não volta. Deixe-o para trás.

Crônica publicada no Amor Crônico em 19 de setembro de 2016.

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Giseli Rodrigues

Mãe do Lucas. Escritora. Professora. Revisora. Especialista em Letras, Recursos Humanos e Gestão Empresarial. Estudante de Psicologia. Chocólatra. Flamenguista. Pintora nas horas vagas. Bem-humorada. Feliz.

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