PARA UMA AMIGA, QUE AGORA SOFRE

Já passei noites imaginando situações que gostaria de resolver como num passe de mágica, já ensaiei diálogos que nunca cheguei a pronunciar, já chorei tanto que quase me afoguei em minhas próprias lágrimas. Já me senti incompreendida e sozinha.

Não sou mais experiente, mais inteligente, mais segura ou mais forte. Longe de mim dar conselhos, fazer profecias ou ditar regras de comportamento. Como todo mundo, sinto medo quando a vida prega algumas peças, muda os caminhos, interfere os planos.

Hoje eu penso que tudo isso seja uma forma que a vida encontrou para nos dizer que estávamos no caminho errado. Talvez seja uma oportunidade de começarmos outra vez. Por que nunca enxergamos as coisas tal como elas são?

Meu coração está pequenininho. Entristece ver lágrimas no rosto de quem amamos, aflige ver que se humilham desnecessariamente, preocupa verificar que se expõem em vão. Como eu queria tomar para mim as dores que sente agora!

Um dia você vai aprender que todo sofrimento, por maior que possa parecer, um dia acaba. Infelizmente, não existem palavras que nos faça entender o que precisamos concluir sozinhos.

Só quero que entenda e acredite que estou ao seu lado. Estou porque sou sua amiga, porque te amo e porque prefiro seu sorriso às lágrimas que agora vejo derramar. E estar ao seu lado, neste momento, significa ir contra as suas atitudes.

Em algum momento você vai compreender.

E tenho certeza que não vai demorar.


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“Foi então à janela e surpreendeu o anjo nas primeiras tentativas de vôo. (…) Mas conseguiu ganhar altura. Elisenda exalou um suspiro de descanso, por ela e por ele, quando o viu passar por cima das últimas casas, sustentando-se de qualquer jeito, com um precário esvoaçar de abutre senil. Continuou vendo-o até acabar de cortar a cebola, e até quando já não era possível que o pudesse ver, porque então não era mais um estorvo em sua vida, mas um ponto imagináriono horizonte do mar.”

MARQUEZ, Gabriel Garcia. A incrível história de Cândida Erêndida e sua avó desalmada. Rio de Janeiro. Editora Record, 1972.

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Giseli Rodrigues

Mãe do Lucas. Escritora. Professora. Revisora. Especialista em Letras, Recursos Humanos e Gestão Empresarial. Estudante de Psicologia. Chocólatra. Flamenguista. Pintora nas horas vagas. Bem-humorada. Feliz.

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