“A pior pessoa do mundo”

Recentemente assisti ao filme “A pior pessoa do mundo”, que conta a história de Julie, uma jovem bonita e inteligente, que não sabe exatamente o que deseja de uma carreira ou parceiro. Em certo momento ela reflete sobre seu aniversário de 30 anos e tudo o que suas antepassadas já haviam vivido ao chegar nessa idade: casamentos, divórcios, filhos, carreiras, até um passado distante em que as pessoas mal completavam três décadas de vida antes de morrer.

Como se todas as mulheres anteriores tivessem um roteiro pré-definido e um caminho a seguir. Diferente dela, e de todos os jovens adultos de hoje, que em tempos de mil possibilidades e múltiplas opções, vivem todas as inquietações e angústias envolvidas no processo de tomar decisões e escolher seus caminhos.

O filme é bonito, principalmente, porque não tem objetivo de fazer com que a protagonista seja modelo para alguma coisa. Ela é que é. Uma mulher adulta, que inicia um projeto e decide mudar sua trajetória, que se apaixona, que separa, que tem dúvidas. Que em muitos momentos deseja que sua vida seja mais do que é. E busca isso.

A vida é uma constante mudança e as pessoas sempre tiveram suas inquietações. Diante disso, Julie é, de alguma maneira, o retrato dos adultos de hoje, sempre em busca de algo novo, de mais realização, de um propósito. Em busca da felicidade. Mas o que é a felicidade? Quais decisões nos levarão a ser felizes?

Ao decidirmos abandonar um caminho e seguir outro, seja ele qual for, precisamos lidar com as consequências destas decisões. E o que é ser adulto se não lidar com os resultados de suas escolhas? Tudo isso me fez lembrar de um ditado popular muito conhecido: “quem quer tudo, nada tem”. Será que nós, adultos de hoje, ao querer tudo ao mesmo tempo, não estamos deixando de construir coisas que nos fariam felizes se não tivéssemos deixado pela metade?

Não somos perfeitos. Estamos aqui, lidando com nossas emoções, arcando com nossas responsabilidades, cumprindo os compromissos da vida adulta e temos o direito de querer mais da vida. Todo dia a vida exige coragem. Todo dia a vida exige uma tomada de decisão. Todo dia a vida exige que a gente arque com as consequências.

Para ser feliz é preciso apreciar o caminho. Basta saber qual.

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Giseli Rodrigues

Mãe do Lucas. Escritora. Professora. Revisora. Especialista em Letras, Recursos Humanos e Gestão Empresarial. Estudante de Psicologia. Chocólatra. Flamenguista. Pintora nas horas vagas. Bem-humorada. Feliz.

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