Fiz aniversário no mês passado, mas só ontem acordei mais velha. Acordei me achando adulta, certa de que tenho que mudar muita coisa, que preciso traçar metas, cumprir prazos que eu mesma estabeleço, que devo viver como uma jovem de vinte e poucos, e não como uma adolescente.
Eu sou uma pré-balzaca, estou à beira dos 30 anos (meu Deus do céu!) e vivo como se não passasse de uma menininha de 20. Se bem que menininhas de 20 não têm tantas contas para pagar, não trabalham tanto quanto eu, não fizeram duas pós-graduação, não tem filho para sustentar (quer dizer, talvez tenham).
Sinceramente, não sei o que é viver como se tivesse vinte e poucos, mas preciso aprender – se bem que antes eu preciso descobrir. Essa rotina de choppadas e micaretas, por exemplo, não pega bem para uma mulher madura como eu. Quer dizer, eu também não sei o que é ser uma mulher madura.
Ontem, como nunca havia sentido antes, percebi que o tempo está passando rápido demais. Estou pensando em mim até agora, no que tenho feito da minha vida, no que desejo para minha vida. Preciso mudar alguma coisa e não sei bem o que.
Decidi: vou virar gente grande, ser mais mulher do que menina, mais mãe do que filha, essas coisas. Só não sei por onde começar. É sério, estou em crise existencial, morrendo de medo de ser uma velhinha ridícula, daquelas que vivem como se o tempo não tivesse passado.