Juro inocência

Ou: A outra face da moeda

Eu sou inocente. Juro por tudo que é mais sagrado nessa vida, pela luz do sol que me ilumina agora: eu não me interesso por um homem só porque ele usa aliança no dedo direito ou esquerdo ou porque sei que ele tem uma namorada há anos. Sou uma menina boazinha, mamãe ensinou a não cobiçar homem da próxima e a não fazer com os outros o que não quero que façam comigo. Sou uma filha obediente.

Mas, ó céus, que culpa tenho eu se esses homens comprometidos, bando de cafajestes, cismam justamente comigo? Que culpa tenho eu se eles me enganaram, se passaram por bonzinhos e estraçalharam meu pobre coração em mil pedaços (estou melodramática, é TPM, ignorem), já todo remendado de tanta desilusão? Eu sou inocente!

Se você tem namorado, sofre de problemas cardíacos, tem crise doentia de ciúme, por favor, pare de ler este texto por aqui. Pode trazer conseqüências irreversíveis para o seu relacionamento, e não me responsabilizo por isso, ok?:

Quando conheci Playboy naquela boate e marcamos vários encontros depois daquele dia não iria imaginar que ele tinha namorada há mais de um ano. Você desconfiaria de um cara que te apresenta os amigos, vai na sua faculdade três vezes por semana e sai com você às sextas, sábados e domingos? Nem eu!

Esse caso não foi o único, não. Eu toda boba com Surfista, um cara super atencioso, cheiroso, corpo lindo de morrer, divertido, dançarino de forró, que fiz questão de apresentar para a minha família, e o que descubro? Que ele tinha namorada. Namorada, não, noivaaaaaaaaaaaaaaa! Um relacionamento de oito anos! Eu mereço?

Como todo castigo pra burra é pouco, ainda me apaixonei por Tio Sukita. Um coroa, nem tão coroa, metido a garotão, que parecia garotão. Me levava todos os dias na faculdade, saímos nos finais de semana. Separado. Uma filha pequena. Estava tudo bem até o dia em que liguei num domingo a tarde e a mulher – que ele dizia há dois meses que era ex – atendeu e me chamou de tudo que vocês imaginam! Ele era casado. Confirmou tempos depois.

Um é pouco, dois é bom, três é demais? Que nada! Ainda teve o quarto cachorro, safado, sem-vergonha. Zezinho. Tinha o telefone da casa dele, do celular, conheci a mãe dele, os amigos, nos víamos finais de semana, tudo como manda o figurino. Quer dizer, figurino da cultura islâmica, ou do raio que o parta! Sim, ele tinha namorada.

Esqueça tudo esse conhecimento de quinta de que se o cara desaparece final de semana tem outra, que se não te dá o telefone de casa não está afim, que se te apresenta a família quer algo sério, se faz com que você participe da vida dele e te apresente aos amigos, é para namorar.

A verdade é uma só: se o cara quiser te trair, pode fazer isso em horário comercial. De manhã, de tarde, de noite. Todo dia é dia, toda hora é hora. E a sogrinha, querida, geralmente acoberta. Primeiro, porque ela é velha e mãe, mas é mulher e toda mulher é burra. Segundo, porque você pode ser um doce, amiga, educada e amar o filho dela, mas você não é a filha dela.

Para terminar, não xinge a outra. Tudo bem que tem mulher safada, pistoleira, filha da puta, que não pode ver um cara comprometido que quer, porque quer, incluí-lo em sua listinha de conquistas. Sabe-se lá o porquê. Mas, como eu, ela pode sido enganada, usada, inocente. E uma coisa eu posso garantir: ser traída por um namorado que nem é seu é uma sensação indescritível – que não desejo a ninguém!

Idiotilde

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Giseli Rodrigues

Mãe do Lucas. Escritora. Professora. Revisora. Especialista em Letras, Recursos Humanos e Gestão Empresarial. Estudante de Psicologia. Chocólatra. Flamenguista. Pintora nas horas vagas. Bem-humorada. Feliz.

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