Todos os dias somos bombardeados por mensagens que dizem que só seremos felizes se encontrarmos um par amoroso. Propagandas de margarina com uma família feliz, filmes, novelas, desenhos animados e revistas femininas com todas as dicas para conquistar namorado e ser a mulher ideal são exemplos disso.
Não vejo nenhum mal em desejar compartilhar a vida com alguém, casar e ter filhos. Mas a ideia de que só podemos ser felizes se estivermos com alguém sempre me incomodou profundamente. E observo que ela tem deixado muitas pessoas frustradas, vivendo um relacionamento decadente só para não estar só.
Já ouvi diversos relatos de pessoas que têm um relacionamento que se sentem sozinhas, que não têm planos em comum, que não dividem mais a mesma cama, que não saem juntos em momento algum. Isso é ser um casal? Eu não tenho lá muita experiência de vida, mas penso que viver com alguém é muito mais do que dividir o mesmo teto.
Essa realidade demonstra que, independente de ter um relacionamento ou não, podemos estar só. Além disso, inevitavelmente, por mais que tenhamos um relacionamento bom e feliz, por vezes nos sentiremos sozinhos, porque ninguém nasceu para suprir o vazio de ninguém. Porque essa história de que um completa o outro é pura balela e que se não damos conta de nós mesmos não é outra pessoa que vai conseguir – por melhor que ela seja.
Se a nossa própria companhia é a única com a qual podemos contar incondicionalmente, por que não nos ensinam, desde pequenos, a amar a nós mesmos? Por que continuam ensinando a esperar pelo príncipe encantado? A imaginar que o melhor da vida só será vivido se encontrarmos a quem amar? Isso é mentira.
A vida é muito boa quando temos a quem dar a mão e já escrevi sobre isso aqui nesse blog. Mas relacionamentos não são prêmios e pessoas não são troféus. Ter alguém não nos faz melhor do que ninguém, embora a sociedade insista em nos dizer que sim. E não é garantia nenhuma de que sua vida seria melhor do que é.
Por que estou dizendo tudo isso? Só para lembrar que, antes de amar alguém, é preciso amar a si mesmo. E ponto.
Texto publicado por mim no blog Amor Crônico em 26 de novembro de 2014.