Casal feliz não é aquele que tem uma conta bancária milionária, se hospeda em hotéis cinco estrelas, faz viagens exuberantes, frequenta os lugares da moda e mora numa cobertura de frente para o mar. É aquele que mesmo sem pompa, sem requinte e fazendo as contas para pagar as despesas do mês consegue ter uma vida feliz e recheada de amor.
De que adianta todo dinheiro do mundo se na hora de compartilhar a intimidade há receio do que está vestindo, do modo como está se comportando, de que a roupa está inadequada, a depilação não está perfeita, o cabelo está bagunçado? Para ser feliz ao lado de quem se ama é preciso se sentir em paz na presença do outro.
Milhares de livros foram escritos para ensinar como ter um relacionamento feliz. Você pode comprá-los se quiser. Arrisco afirmar que irá encontrar alguma dica que valha a pena. Mas, infelizmente, livro nenhum traz a fórmula para ter um relacionamento feliz. Porque a felicidade, além de variar de pessoa para pessoa, exige algo que não está escrito em lugar nenhum: a vontade de fazer com que o amor dê certo.
A felicidade no amor está nas coisas mais simples da vida: um carinho na hora de assistir o filme, a certeza de que esquecer a toalha molhada em cima da cama não vai desencadear a terceira guerra mundial, uma palavra de apoio quando tudo parece difícil, um incentivo para levar adiante seus objetivos pessoais, uma declaração depois de um exaustivo dia de trabalho.
Um casal feliz também tem a capacidade de rir um do outro, transformar as ciladas da vida em aprendizado e permitir que as diferenças não sejam motivo para discórdia, briga e confusão. Se um gosta de xícara pequena e o outro grande, se um ouve música clássica e o outro rock, se um prefere filme de terror e o outro drama, um prefere falar e o outro escrever, se um prefere bolo de chocolate e o outro pavê, qual o problema?
Dá para comprar xícaras de tamanhos diferentes, ir num tipo de show num mês e em outro no próximo, além de revezar a sobremesa preferida de cada um, por exemplo. Só é feliz no amor quem aceita que um relacionamento não é feito de duas pessoas iguais, mas sim de duas pessoas inteiras que se permitem olhar por ângulos da vida diferentes dos seus.
Ninguém precisa fazer voto de pobreza para ser feliz no amor nem é mais feliz o casal que tem pouco dinheiro. Aliás, minha avó costumava dizer que “quando o dinheiro sai pela porta, o amor sai pela janela” e conhecemos inúmeros exemplos de amores que chegaram ao fim quando as dificuldades financeiras apareceram. No entanto, é mais feliz a dupla que consegue ver felicidade além das coisas que o dinheiro pode comprar, porque amor bom é amor simples.
Texto publicado no Amor Crônico em 18 de janeiro de 2016.