A vida, essa descontrolada

artedeviver

Não me lembro de ter me excedido até as últimas consequências, até perder a razão. Seja lá por qual for o motivo. Sou comedida. Prudente. Moderada. Equilibrada. Dançar até o chão, beber até cair, sair e não avisar, por exemplo, são atitudes que não fazem parte da minha biografia. Dentre os muitos medos que tenho, perder o controle das minhas ações está entre os primeiros.

Às vezes invejo as pessoas que gargalham, quebram tudo, expõem o que sentem sem reservas, falam alto, dão soco na mesa. Mas, definitivamente, estou longe disso. O que não deve ser pior nem melhor do que ser de outra maneira, já que muitas pessoas elogiam a minha serenidade.

É muito simples ser eu. Geralmente não existe altos e baixos, amor e ódio, tapas e beijos, brigas e pedidos de perdão, querer uma coisa num dia e outra no outro. Faço planos, termino o que começo, me responsabilizo por minhas atitudes. E sigo o curso da vida. Naturalmente.

O problema é que, por mais que muitas pessoas insistam em afirmar que somos responsáveis por todas as nossas escolhas, a vida não se dá como satisfeita e vez ou outra quer mudar o rumo das coisas. O imprevisível, o inesperado, a surpresa: não me agradam. Mas existem.

Justamente para nos ensinar a confiar na vida, demonstrar que não temos controle sobre tudo e esfregar na nossa cara que mesmo com todas as planilhas, planejamentos e cronogramas, às vezes as coisas são como são. E nada mais.

Talvez por isso eu goste tanto da Oração da Serenidade. Saber lidar com os acontecimentos é um aprendizado diário. Reconhecer o que depende de nós e com o que não há como lutar já é uma verdadeira arte. Que eu estou tentando aprender.

Insisto em fazer de tudo para que as coisas que dependem essencialmente de mim saiam exatamente como planejado. Mas estou me esforçando para não surtar quando elas simplesmente não saem. Porque a vida, eu vou te contar, é muito descontrolada. E muitas vezes quer tudo do seu jeito.

Oração da Serenidade

Concedei-nos, Senhor, a Serenidade necessária
para aceitar as coisas que não podemos modificar,
Coragem para modificar aquelas que podemos,
e Sabedoria para distinguir umas das outras.

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Giseli Rodrigues

Mãe do Lucas. Escritora. Professora. Revisora. Especialista em Letras, Recursos Humanos e Gestão Empresarial. Estudante de Psicologia. Chocólatra. Flamenguista. Pintora nas horas vagas. Bem-humorada. Feliz.

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