Certa vez, em uma palestra que assisti sobre Ética, do Clóvis de Barros, ele abordou o tema fidelidade para exemplificar a questão. E disse que, ao ser fiel com quem acordou uma relação monogâmica, você não está sendo fiel ao cônjuge, está sendo ético aos princípios que você estabeleceu.
Infidelidade é um tema polêmico, controverso e curioso. Tanto que os textos mais visualizados, compartilhados e comentados que escrevi até hoje falam de traição. E isso não é por acaso. Todo mundo conhece alguém que já foi traído. Ou já sofreu a dor de uma traição. Que nada mais é do que a dor de ter confiado em alguém que não foi capaz de cumprir sua palavra e lhe magoou. Que nada mais é do que a dor de descobrir que o ser amado é antiético.
Confiar em alguém leva tempo e não acontece da noite para o dia. Não é algo instantâneo que acontece entre uma troca de olhares. Tanto assim que ninguém dá a chave de casa para um desconhecido na rua. Nem o CPF, dados bancários ou endereço para quem acabou de conhecer. Nem entrega, de bandeja, os seus sentimentos mais puros, seus sonhos, seu amor e a sua confiança para qualquer um.
A convivência faz com que as pessoas confiem umas nas outras. Faz com que dividam, além dos sonhos, declarações de amor e intimidade, a própria vida. Faz com que a gente acredite que a pessoa vai estar lá para uma mão amiga, um ouvido imparcial, uma palavra de incentivo e qualquer tipo de ajuda. Faz com que a gente acredite que a pessoa vai cumprir com o que se comprometeu, afinal, ela é de confiança.
Dificilmente alguém vai casar, morar, se relacionar com quem não confia. Com quem não é possível dizer a verdade, com alguém que não nos permite ser quem somos. Exatamente por isso sinta-se honrado em ter a confiança de alguém. E faça de tudo para não destruir o que levou tempo para construir.
Como dizem por aí, uma vez quebrada a confiança não pode ser restaurada. É como uma louça que se partiu em mil pedaços e, depois de colada e cheia de remendos, pode permanecer ali, exercendo a sua função, mas não vai voltar a ser como era. Porque pessoas também saram, mas guardam cicatrizes. Às vezes invisíveis.
Voltemos ao primeiro parágrafo: infidelidade é falta de ética. Demonstra que a pessoa não sabe respeitar as regras, princípios e valores que estabeleceu com o companheiro. E, além disso, que não é capaz de cumprir a própria palavra e não julga a relação importante o bastante para evitar um prazer momentâneo.
Há outras maneiras de se relacionar que não o relacionamento monogâmico. E ninguém é obrigado a seguir regras com as quais não concorda. Mas, uma vez que tenha concordado, é de uma irresponsabilidade gigantesca menosprezar a confiança que levou anos para ser construída e demonstrar que é apenas mais uma pessoa antiética. Como tantas.
O mundo precisa de pessoas nas quais podemos confiar. De toda alma e coração. Seja essa pessoa. Não quebre o que existe de mais importante em um relacionamento: a confiança de quem você ama.
Crônica publicada, no dia 23 de maio de 2016, no Amor Crônico.
Oi Giseli – texto maravilhoso – como sempre – parabéns!!
Amei o trecho: “pessoas também saram, mas guardam cicatrizes” – perfeito!
…beijos e um lindo dia!!!
https://viciolicito.wordpress.com/
Obrigada! 😘