Recentemente uma das minhas amigas ouviu que não parecia uma mulher casada. A razão? Ela não usa aliança, não adotou o nome do marido, não tem planos de ter filhos e sai desacompanhada. Podemos resumir uma união a uma aliança? A um sobrenome? A estar sempre acompanhada? Mas, o que é um casamento, afinal? E o que significa estar casada?
Casar é muito mais do que morar sob o mesmo teto, usar aliança, assinar contrato, adotar o nome um do outro, ter filhos, comprar um imóvel, ter bênção religiosa ou uma festa incrível. Envolve mais do que convenções, padrões sociais e rituais. Embora possa envolver tudo isso também.
Convivo com outras mulheres que não usam aliança, não adotaram o nome do marido, não oficializaram a união por meio de um contrato ou cerimônia religiosa. E se consideram casadíssimas. Você olha para elas e os seus companheiros e não tem dúvida de que formam uma dupla genial, um casal parceiro, que se ama e encontrou a felicidade.
Também conheço mulheres que casaram de véu e grinalda, tiveram a bênção do padre, fizeram festa, assinaram papeis, adotaram sobrenome do marido, viajaram em lua de mel, tudo como manda o figurino, mas por razões profissionais vivem em casas separadas dos maridos. São casados à distância. E estão casados mesmo. Não só pela mudança do estado civil, mas pela parceria, amor, cuidado e atenção com o outro mesmo estando distante fisicamente.
Hoje fico emocionada com festas de casamento e considero a frase “quer casar comigo?” uma das mais lindas declarações de amor. E vejo graça, sim, em assinar papeis, fazer contrato, ter certidão de casamento. Se as pessoas estão dispostas a enfrentar tanta burocracia quando nem é mais preciso, a relação deve significar alguma coisa para a vida delas.
Mas casamentos são muito mais do que dizer sim diante de convidados e alianças são mais do que adornos que enfeitam os dedos. Porque casamento é um projeto de vida em comum. E não é um papel assinado e um anel de ouro que tornará as pessoas verdadeiramente comprometidas uma com a outra.
Talvez um verdadeiro casamento seja isso: um projeto de vida a dois. Que se fortalece ainda mais com a rotina. Independente de troca de alianças, vestido de noiva, bênção religiosa, papel assinado. Porque não adianta acreditar que duas pessoas vão viver um relacionamento só porque cumpriram um ritual.
Você pode usar vestido de noiva, escolher os melhores amigos para ser os padrinhos, casar no cartório ou na igreja, adotar o sobrenome do cônjuge, fazer festa, usar aliança na mão esquerda, estar junto há dez meses ou dez anos, e não viver um casamento. Porque, ainda que seja casada perante a lei e a sociedade, casar é mais do que um estado civil e a realização de protocolos.
Casamento é entrega. É convívio. É intimidade. É troca. É amor. É planejamento familiar. É dia a dia. É rotina. É convivência. Vai muito além de promessas, juras de amor e cerimônias. São casados aqueles que encontraram um aliado para a vida, um parceiro, um amigo, um amante, na mesma pessoa. Havendo ou não qualquer tipo de convenção ou ritual.
O amor ultrapassa qualquer protocolo e é vivido na simplicidade da rotina.
Crônica publicada no Amor Crônico em 09 de janeiro de 2017.