Esta semana assisti uma entrevista em que a frase de uma psicóloga, especializada em terapia familiar e conjugal, não saiu da minha cabeça: “quando a pessoa está com uma pulga atrás da orelha, de fato aquela pulga está lá”. E explicou que, ainda que o cônjuge não esteja traindo e nada tenha feito de errado, desconfiar do outro é sinal de que as coisas não vão bem.
Uma vez que a gente desconfia não tem jeito: os sentimentos de frustração, decepção, raiva e medo se revelam. Mas o que fazer diante de uma desconfiança, de um achismo, de um ciúme? Geralmente as pessoas ficam remoendo tudo que estão sentindo, pois não sabem nem como conversar com o parceiro sobre o que estão sentindo. Ou explodem causando conflitos, brigas e desentendimentos.
Não ter liberdade para abordar seus sentimentos de forma clara, segundo a psicóloga que assisti, é uma pulga. Não poder falar que sente ciúme de alguém é outra pulga. Não poder perguntar quem é a pessoa que adicionou no facebook é mais uma pulga. Assim como cada um dos sentimentos negativos que corroem a pessoa por dentro e a impede de compartilhar por medo da reação do outro.
É claro que, com a proliferação das redes sociais e meios de comunicação, as oportunidades de conhecer alguém aumentam e o número de infiéis também. E, ainda que não signifique que todas as pessoas estão em busca de novas aventuras e traem seus parceiros, é normal sentir ciúmes, sim. Das pessoas que você não conhece, de novas amizades, de comportamentos diferentes.
Não é normal pedir a senha do outro, invadir a privacidade, proibir de conversar com as pessoas e ter amigos. Isso já é desrespeito, loucura, agressão. Mas mesmo os mais respeitosos e sãos sentem ciúmes vez ou outra e ficam inseguros. São humanos, portanto. Mas é importante analisar os motivos da insegurança e… conversar com o companheiro – e conversar é diferente de ter acessos de raiva, brigar, gritar e causar tumulto.
Lembra da pulga? Enquanto você não conversar ela continuará lá e, independente de ter existido uma traição, uma mentira, uma deslealdade, na sua cabeça ela continuará existindo. E será suficiente para atrapalhar a sua relação amorosa.
Crônica publicada no Amor Crônico em 31 de janeiro de 2018.