Eu nem sei quantos textos já escrevi sobre a importância de amar a si mesmo. Mas hoje, enquanto escrevo sozinha, com a casa em silêncio e todos os aparelhos eletrônicos desligados, sinto vontade de dizer: ame a sua própria companhia.
Convivo com pessoas que frequentemente afirmam que jamais iriam ao cinema sozinhos, que não fariam uma viagem sem companhia, que ao chegar em casa a primeira coisa que fazem é ligar a tv para não se sentir sozinho. Eu gosto da companhia das pessoas que amo e prefiro estar com elas do que sozinha – mas nunca precisei me distrair de mim mesma.
Aprendi a aproveitar os momentos em que estou em minha própria companhia. Seja escrevendo, lendo um livro, assistindo uma série ou perdida em meus próprios devaneios. Eu converso muito comigo mesma. Não preciso de música ou programa de tv para fingir que tenho companhia e, sozinha, me conheço mais.
Se a solidão é um incômodo para você é importante perguntar o porquê. É preciso aprender a escutar nosso coração, identificar nossos sentimentos, apreciar quem somos e se alegrar com o que existe dentro de nós. A aprovação dos outros, principalmente de quem amamos, pode ser importante, mas a nossa felicidade não estará (e nunca estará) a não ser em nós mesmos.
Ignorar a própria companhia, fazer questão de estar rodeado de pessoas e não entender a si mesmo pode fazer com que, algumas vezes, você se sinta desconectado do mundo e sozinho, mesmo estando rodeado de gente. Se você não ama a sua companhia, não sabe o que sua alma gosta e não entende as próprias necessidades, pode se sentir sozinho tendo um companheiro e dividindo com ele o mesmo teto.
Somos inteiros, não pela metade. E apreciaremos melhor a companhia de quem amamos quando nos sentirmos bem com a nossa. Quando soubermos que com ou sem alguém temos capacidade de sermos felizes e encontrar prazer na vida.
Crônica publicada no Amor Crônico em 15 de outubro de 2018.