“Hoje em dia não se pode falar mais nada”, “antigamente que era bom”, “hoje em dia tudo é preconceito”, “não se pode mais fazer uma piada, que já vem alguém de mimimi”. Quem nunca ouviu uma dessas frases? Ou todas? A narrativa de que as pessoas, principalmente as da nova geração, são vitimistas, irresponsáveis e reclamam de tudo, está presente no nosso dia a dia.
E eu fico muito feliz e orgulhosa que hoje em dia questionamos todo tipo de preconceito e lutamos pelas minorias. Se ofende alguém, não é piada. Se a geração anterior fosse tão boa não estaríamos hoje no fundo do poço. Não reclamem de quem está lutando por uma sociedade melhor, mais justa, igualitária e humana.
Não desqualifique as batalhas alheias. Ouça. Reflita. Entenda que o mundo não gira em torno do seu umbigo e que, se você for mesmo uma pessoa engraçada, vai conseguir fazer uma piada sem ofender negros, homossexuais e mulheres. E, se ofender, temos sim, o direito de dizer isso. E exigir o mínimo: respeito.
Pare de olhar para trás e buscar justificativas para não mudar os seus comportamentos preconceituosos. O mundo precisa mudar. As pessoas precisam ser aceitas como são. Não compactuar com racismo, sexismo, machismo, xenofobia, LGBTfobia não é ser mimizento (essa palavra existe?), é ser humano.
O mundo está ficando chato para as pessoas que estavam destilando seus preconceitos sem serem questionadas e hoje usam justificativas como “apanhei e não morri”, “sofri bullying e estou aqui”, que ótimo. Mas quantos não estão? E desde quando ter sofrido um preconceito é motivo para desejar que os outros também sofram? É importante refletir e não aceitar as nossas próprias vivências como únicas maneiras de existir, afinal o mundo vai muito além de nossas experiências e, certamente, há quem tenha apanhado ou sofrido bullying, carregando muitos traumas.
Eu desejo que as pessoas continuem lutando por seus direitos, apontem os preconceitos e exijam uma sociedade mais justa. Se lutar contra a repressão e preconceito é mimimi estou aqui para dizer: por mais mimimi, porque ainda está pouco.
[…] publicado no blog pessoal da autora Giseli […]