Foi Lucas nascer para eu imaginar como seria o nosso relacionamento daqui a alguns anos. Lembro do assombro que me preencheu ao imaginá-lo adolescente. Eu seria jovem ainda – e não estava certa se adulta o bastante para lidar com um menino com espinhas na cara, pêlos crescendo pelo corpo e, sobretudo, hormônios que desejam contestar o mundo.
A rotina de mãe fez com que eu esquecesse meus devaneios. Meu filho, como toda criança, só teria uma infância e, portanto, tratei de aproveitá-la ao máximo. Emocionei-me com as primeiras palavras e os primeiros passinhos. Chorei quando ele foi à escola pela primeira vez. Li e criei histórias, o levei a museus, praias, parques, zoológico, peças de teatro, cinema, circo. Fizemos desenhos, inventamos cidades, sonhamos conquistar o mundo e o recriamos diversas vezes.
Quando vejo um bebê não sinto a mínima saudade de quando o meu filho cabia em meus braços, comia o que eu determinava e me acompanhava onde eu quisesse. Ele cresceu. E eu também. Temos hoje a idade que imaginei um dia – e pensei que esse dia demoraria muito mais a chegar. Suas contestações, sua rebeldia, sua inteligência e, por vezes, sua ignorância, me ensinaram (e ensinam) bastante.
Pais e filhos estão em constante crescimento.