Santa Maria e a tristeza sem fim

Dia 27 de janeiro é um dia feliz na minha família: aniversário da minha mãe. Por mais que ela tivesse dito que não queria comemoração, sempre aparece alguém para lhe dar os parabéns. Por isso, no último domingo, eu acordei cedo para ajudá-la nos preparativos. Envolvida com os afazeres, não tive tempo para ver facebook, twitter, nem ler sites de notícias. Como não compro mais jornais e não assisto TV, só soube da tragédia em Santa Maria quando minha tia chegou.

Fiquei chocada, triste, horrorizada. E fui ligar a TV em buscar de mais informações. Impossível não se sensibilizar com um cenário horrível como aquele: parecia uma guerra. Mais de 230 jovens mortos. Com eles, morreram sonhos, planos, amores e famílias. Jovens que tinham a vida inteira pela frente morreram quando só queriam se divertir.

Chorei quando li que um rapaz havia enviado uma mensagem para namorada, quando os bombeiros disseram que os celulares nos bolsos dos jovens mortos não paravam de tocar, quando uma mãe, que perdeu dois filhos, disse que a casa vai ficar vazia, quando soube que um rapaz morreu, porque, mesmo depois de ter se salvado, voltou para ajudar outros jovens. Uma tristeza sem fim.

Diante de tudo isso, tenho um pedido a fazer: não deixe para depois. Escreva cartas de amor ridículas – e envie. Se declare. Ligue. Mande mensagem. Abrace. Beije. Demonstre os seus sentimentos. Não se deixe levar pelo orgulho, pela vaidade, pelo medo. A vida é agora. E não sabemos até quando. Comemore a felicidade que é ter um filho, ligar para ele e ser atendido.

(Santa Maria, olhai por nós.)

Sobre a autora Todas as publicações

Giseli Rodrigues

Mãe do Lucas. Escritora. Professora. Revisora. Especialista em Letras, Recursos Humanos e Gestão Empresarial. Estudante de Psicologia. Chocólatra. Flamenguista. Pintora nas horas vagas. Bem-humorada. Feliz.

Um comentárioDeixe um comentário

  • Depois de ter filhos eu não posso dizer que a forma como vejo o mundo mudou. Acho q continua basicamente a mesma coisa. O que mudou e muito é a forma como SINTO o mundo.

    Todas as tragédias me atingem como um soco no estômago. Nada passa por mim indiferente. Por conta disso já até desisti de assistir telejornal pq na tv parece q toda a tristeza é mais explorada.

    Essa tragédia, talvez por ter sido tão estúpida e devastadora, me fez ficar mal MESMO o domingo inteiro e perder o sono a noite. E ainda hoje parece q um pedacinho do meu coração ficou escuro.

    Que bom que vc conseguiu dizer alguma coisa sobre isso. Eu só consigo ficar em silêncio.

    🙁

Deixe uma resposta

Your email address will not be published. Required fields are marked *