Mulheres perfeitas

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Esta semana, sob o título “Expectativa x realidade”, o portal R7 fez uma matéria sobre a repórter Fernanda Gentil. Ou melhor: sobre o seu corpo. Um texto ridículo que se limitava a julgar sua aparência, falar que ela tem celulite, que está gordinha. Para minha felicidade muitas pessoas reclamaram, nas redes sociais só se falava nisso, o site pediu desculpas e tiraram a matéria do ar.

Pedir desculpas e tirar a matéria do ar, no entanto, não acaba com a vigilância pela qual os nossos corpos passam todos os dias. A cor dos nossos lábios é feia, temos que usar batom. Aliás, nossa pele é uma coisa horrorosa, sabiam? Só aceitável com maquiagem. O cabelo precisa ser alisado. O peito siliconado. A bunda dura. E tudo muito bem equilibrado em cima de um salto. E quando for para tirar a roupa na praia lembrem-se das fotos divulgadas pelo R7: o corpo de uma mulher é imperfeito. E não há espaço reservado para ele na areia nem no mar.

Vivemos em uma sociedade insana, que diz, diariamente, que estamos acima do peso, que certa cor não combina com nosso tom de pele, que pelos são anti-higiênicos, que a bunda precisa ser maior, o cabelo mais claro, as madeixas lisas. E que se ofende quando aceitamos nossos corpos como eles são e resolvemos desfilar aonde bem entendemos.

Muitas ficam em casa se a depilação não está em dia ou deixam de ir à praia porque engordou alguns quilos. Sem contar as que sofrem de distúrbios alimentares, se submetem a cirurgias e tratamentos estéticos e colocam suas vidas em risco – vemos exemplos todos os dias. E isso me incomoda profundamente. Não tenho nada contra produtos de beleza, academias, dietas, cirurgias plásticas. Desde que sejam feitas para cumprir nossas próprias expectativas e não a dos outros.

A matéria foi ridícula, desrespeitosa e desnecessária. Mas, infelizmente, passada essa comoção, outras iguais, sobre outras mulheres, serão escritas. O que podemos fazer então? Não ridicularizarmos umas às outras, nos posicionarmos contra “notícias” como essas e, sobretudo, amar nossos corpos como eles são. Não vamos deixar que nos digam o que fazer, o que vestir e como nos comportar.

Somos perfeitas por ser quem somos.

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Giseli Rodrigues

Mãe do Lucas. Escritora. Professora. Revisora. Especialista em Letras, Recursos Humanos e Gestão Empresarial. Estudante de Psicologia. Chocólatra. Flamenguista. Pintora nas horas vagas. Bem-humorada. Feliz.

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