Conhecemos milhares de histórias de amor e vivemos cercados delas. Amores de muitos anos, amores de poucos. Amores nascidos de uma troca de olhar, amores descobertos depois de muitos anos de amizades. Amores tranquilos, amores conturbados. Cada relacionamento amoroso é único e especial.
Ouvindo tantas histórias, convivendo com tantos casais ou construindo o próprio relacionamento, percebemos que viver a dois é uma empreitada difícil de dar certo. Pessoas com criações, pensamentos, vivências e experiências diferentes uma da outra não convivem harmoniosamente durante todo o tempo. E algumas ainda têm a infeliz mania de querer que o outro enxergue o mundo da mesma maneira que ele.
No entanto, mesmo aqueles que aprendem a respeitar as diferenças, a entender o momento de falar ou calar e, sobretudo, compreendem que o amar vai além do amor, em alguns momentos veem o relacionamento fraquejar. Porque, além de tudo, as pessoas estão em constante mudança e para permanecer ao lado de alguém é preciso mudar também.
Tomar a iniciativa de se juntar, viver sob o mesmo teto, compartilhar a vida e conseguir ser feliz e amado é mesmo para poucos. O dia a dia, a rotina e as responsabilidades, somadas as diferenças individuais, geram, mais do que conflitos, a certeza de que um relacionamento é muito mais do que amor. É preciso querer que dê certo. É preciso fazer com que dê certo.
Quando se trata de amor ninguém tem a chave do sucesso, a fórmula mágica, nem o manual de instruções. Os que juram saber, nada sabem. Cabe a cada um de nós redigirmos a própria história e construir o próprio manual para uma vida amorosa feliz e sadia. Até que a morte os separe. Ou até que seja infinito enquanto dure. Porque cada relacionamento é de um jeito, cada um tem seu próprio tempo, e só faz sentido quando as pessoas estão felizes.
Viver a dois é um desafio constante. Que muitos acreditam valer a pena. Mas dá para entender quem tem aversão à empreitada. Viver com o outro é se desnudar de corpo e alma. Não dá para estar junto sem querer se revelar. Não dá para dividir o mesmo teto sem compartilhar. Não dá para ser um casal sem levar em consideração as opiniões e sentimentos dos outro. Não dá para viver com alguém sem mudar.
Diferente de anos atrás, hoje nos é permitido escolher com quem desejamos estar e optar por terminar um relacionamento que não nos faz feliz. Ninguém precisa estar junto. Mas não há nada melhor do que estar junto quando se ama alguém. É o amor que nos dá força para seguir adiante e nos faz enxergar o mundo de outra maneira.
O amor ensina que só o sentimento não é o bastante. Que o amor tem força quando colocado em ação. O amor é telefonema, é grito, é risada, é preocupação, é pegar o carro e ir ao encontro, é mandar e-mail, escrever cartas, incentivar, consolar. O amor precisa se materializar em palavras, gestos e ações. Não adianta falar que ama se todas as atitudes mostram o contrário, entende?
Relacionamento é, sempre foi e sempre será algo difícil de dar certo. Talvez por isso seja tão fascinante, tema de tantas obras de arte, objeto de tantas discussões e reflexões. O amor faz com que a gente continue insistindo e torne a caminhada a dois algo leve, divertido e que valha a pena ser vivido.
Crônica publicada no Amor Crônico em 22 de agosto de 2016.