Várias pessoas passam por nossa vida, mas poucas permanecem. Pessoas que dão sentido a nossa existência, fazem a nossa vida ganhar sentido, tornam nossos dias mais alegres, coloridos e especiais são raras. Aquelas que mesmo longe estão próximas, com as quais nos importamos verdadeiramente, que conhecem mais de nós do que nós mesmos devem ser preservadas. Podem ser familiares, amigos ou cônjuge. Porque para cada tipo de relacionamento há um tipo de amor.
É difícil descrever o amor e explicar como ele nasce dentro de nós. Mas quando a gente sente a gente sabe. E ele vai criando raízes cada vez mais profundas, nos faz sentir vivos e nos deixa dependentes. Uma dependência boa. Que faz com que a gente torça pela felicidade do outro, se preocupe com o seu bem-estar, queira comemorar as conquistas, compartilhe momentos alegres e tristes.
Nem todos os irmãos são próximos, nem todos os primos são amigos, nem todos os familiares se amam de maneira plena, sadia e enriquecedora. Laços sanguíneos não são suficientes para determinar laços de amor. O amor não tem tipo sanguíneo ou sobrenome. O amor é mais do que isso. É um encontro de almas. Nasce da similaridade, das ideias em comum, do respeito ao próximo, da convivência.
A cada momento compartilhado, encontro marcado, experiência vivida, ficamos mais dependentes do outro. Ficamos mais próximos de quem amamos e, independente de verbalizar o que sentimos, somos capazes de demonstrar e fazer com que o outro sinta. As raízes vão ficando cada vez mais fortes.
O amor é mais do que palavras. É ficar à vontade na presença do outro. É falar por horas ou estar em silêncio e ser compreendido. É sair correndo para atender um chamado. Ou falar que não vai e tudo bem. O amor é dependência, mas não sacrifício. Porque quando amamos somos dependentes por vontade.
Para o amor criar raízes, no entanto, é preciso cuidar. Não há amor que perdure quando as pessoas não se importam com ele.
Crônica publicada originalmente no Amor Crônico em 27 de março de 2017.