É difícil explicar o porquê as pessoas se apaixonam, ficam juntas e resolvem construir uma relação amorosa. São diversas as razões que fazem alguém se encantar, apreciar, desejar, sentir algo diferente, querer estar próximo de alguém e estabelecer um vínculo afetivo. E os motivos mudam de pessoa para pessoa, por isso mesmo falar de amor e relações amorosas é tão interessante. Não é uma equação matemática, uma fórmula, uma regra.
Você sabe o que que te fez apaixonar? O que te levou a aceitar o segundo encontro, o próximo e o próximo? O que você admira na pessoa que está com você? O que ela tem que outras pessoas não tinham? Como você se sente ao lado de quem ama? Por que essa pessoa e não outra?
Ao longo do relacionamento as pessoas mudam, é claro. Mas muito da sua essência continua ali. Muito daquilo que te fez encantar por ela, que te levou a viver essa história agora. Infelizmente, com o passar do tempo, muitos passam a se irritar com o que antes se encantavam, passam a exigir alguém diferente daquela pessoa que conheceu e querem transformar o outro em quem ele não é.
Ao conseguir mudar o outro e transformá-lo em uma pessoa bem diferente daquela que despertou sua paixão, ao invés de ficarem felizes se desapaixonam. Cansam. Ficam desmotivadas. Não têm mais alegria, tesão, admiração, apreço, vontade de estar junto. E nem desconfiam o motivo.
É saudável mudar de ideia e agir de maneira diferente com o passar do tempo. Constantemente nos surpreendemos ao ver que algumas pessoas que convivem (ou conviveram) conosco não mudaram, não evoluíram, não aprenderam algo novo e repetem comportamentos do passado. Estagnados. Estacionados. Presos em si mesmos.
Nossas experiências nos transformam e, diante disso, é compreensível que relacionamentos amorosos contribuam para o desenvolvimento pessoal, sejam fonte de apoio e estimulem a mudança. Mas não por pedido do outro. Por determinação do outro. Por obrigação. Por imposição. Por ciúme. Por medo de perder. Ou sei lá mais o porquê.
Relacionamentos significativos são trabalhosos, requerem esforço e dedicação. Todos os dias. O que só é possível se houver respeito mútuo, interesse genuíno pelo que o outro é e consideração pelas suas necessidades e as do outro. E na hora da dificuldade é bom lembrar as características que te fizeram apaixonar, o que você admirava no outro, quais atitudes o tornaram tão especial aos seus olhos.
A pessoa por quem você se apaixonou ainda está ali. Se você quiser.
Crônica publicada no Amor Crônico em 27 de março de 2018.