A infidelidade continua sendo um dos principais problemas dos relacionamentos amorosos, levando a separação de muitos casais e, em alguns casos, aos consultórios para terapia de casal. Conhecemos diversos casos de infidelidade. Ou já vivenciamos algum.
Esta semana uma mulher me contou a causa de sua separação, ocorrida há alguns anos: chegou em casa e viu o seu marido com outra. A outra era a sua melhor amiga, também casada. Os casais saiam juntos, frequentavam a casa um dos outros e ela não desconfiou que estava sendo traída.
Eu imagino a decepção, a raiva, a falta de confiança nas pessoas depois de ser duplamente traída. Mas não é sobre isso que desejo falar. Eu quero falar do trabalho que as pessoas têm para enganar a outra, esconder um relacionamento durante meses ou anos. Da falta de ética que existe em uma relação extraconjugal.
Tenho dificuldade em entender o que leva uma pessoa comprometida a se envolver com outra, porque isso envolve algo que não acontece instantaneamente: escolha. Trair não é como tropeçar no meio da rua. É uma escolha consciente. Tanto é assim que existe até aplicativo para pessoas casadas traírem os seus parceiros.
Muitas pessoas, mesmo amando os seus companheiros e tendo uma relação satisfatória, encontram prazer em viver aventuras. Mas pessoas éticas têm dificuldade em entender isso. Pessoas que levam uma vida reta, que gostam de estar em dia, que têm medo de dar um passo em falso, que apreciam uma vida tranquila, simplesmente não conseguem entender isso.
Nesta mesma semana eu assisti o vídeo “Trair dá muito trabalho”, de Leandro Karnal, um trecho da sua palestra “Ética e o Brasil” e eu adorei. Compreendi a minha incapacidade de compreender a traição. Pessoas verdadeiramente éticas não conseguem trair. E, se traírem, não vão conseguir esconder.
Algumas pessoas não têm talento para dizer que estão em um lugar quando estão em outro, em alugar carro para ir no motel para que sua placa não seja vista, sacar dinheiro ao invés de usar o cartão para que o outro não veja uma compra suspeita, apagar todas as mensagens do whatsapp o tempo todo, criar perfil falso em redes sociais, ir em eventos com amante e ter que fugir das fotos. Trair, como Karnal fala, dá trabalho. E por mais que o tempo passe, há sempre a possibilidade de ser pego.
Algumas pessoas gostam da sorte de um amor tranquilo. Gostam de uma vida tranquila. Enquanto outras gostam da aventura e de adrenalina. Querem sempre mais e nunca estão satisfeitas com o que tem, inclusive no amor. Preferem o jeitinho, o caminho mais curto, a conquista mais fácil, mesmo que na verdade, seja mais trabalhoso, porque viver mentindo e tendo que lembrar das mentiras que inventou não deve ser fácil.
Que tipo de pessoa você é? Quanto vale o relacionamento que você vive? O que você pensa sobre infidelidade?
Crônica publicada no Amor Crônico no dia 03 de agosto de 2019.