Comecei a assistir à série Cem Anos de Solidão, disponível na Netflix, e, mesmo sem terminar ou lembrar todos os detalhes da obra-prima de Gabriel García Márquez, já me sinto à vontade para indicar. Até o momento ela tem sido fiel à atmosfera mágica e trágica criada por Márquez.
No entanto, não quero falar sobre série. Quero refletir sobre uma frase dita pelo protagonista, José Arcadio, ao presenciar seu filho aceitar às exigências do futuro sogro sem questionar: “O amor é uma praga. ”
Não acho que o amor seja uma praga. Mas a paixão é. É a paixão que tem o poder de nos desarmar, fazer com que decisões absurdas, contraditórias e até destrutivas sejam tomadas. Não importa o quão racional, controlado ou pragmático você seja; a paixão sempre encontra uma forma de romper suas defesas.
Não por acaso dediquei anos escrevendo em um blog que depois virou livro, chamado Mulé é um bicho burro mermo. Vocês são desta época? O título, claro, era uma provocação irônica, inspirada em histórias femininas, nossas e de outras mulheres, que por mais inteligentes que fossem emburreciam quando apaixonadas. E a paixão não discrimina ninguém. Todos, sem exceção, emburrecem ao se apaixonar.
Seria o amor realmente uma ‘praga’? Eu acho que não. O amor nos conecta, desafia e transforma. Ele nos ensina a cuidar do outro e de nós mesmos. Se a paixão, em sua intensidade, pode nos levar a loucuras, o amor é o terreno fértil onde nascem relações recheadas de aprendizados.
E para você? O amor é uma praga?