Todo dia é assim: às 10 horas da manhã já tem gente indo na minha sala ou ligando para o meu ramal querendo saber que horas irei almoçar, onde e com quem. E todo dia almoço no mesmo horário, com as mesmas pessoas, no mesmo lugar.
Na segunda-feira, véspera de feriado, não foi diferente. Não teria sido, aliás, se eu não tivesse uma idéia
brilhante: “Vamos almoçar neste restaurante vegetariano?”. Apesar dos olhares perplexos, todos concordaram.
Não consegui comer. Nada tinha gosto. Sem tempero, sem sal. O que era aquele queijo de soja? “Come alguma coisa, Gi, já está pegando mal”, dizia a estagiária. “Não é possível que você não tenha gostado de nada”, falava o outro. “Ainda bem que a idéia foi sua”, ironizava o terceiro. Consegui beber o suco de caju, pelo menos.
O pior ainda estava por vir. Fomos pagar a conta:”Gostaram da comida?” Eu não poderia dizer que era uma delícia, mas ficaria em silêncio, se o rapaz não perguntasse: “E você, gostou da comida?” (Não me faça perguntas, eu costumo responder com sinceridade):
– Como experiência, foi bom. Na verdade estou com fome, você tem aí algumas barras de cereais?
O rapaz ofereceu um chá de capim limão, disse que na quarta-feira teria bobó de palmito e pediu que voltássemos. Tentou ser educado e me vendeu duas barras de cereais (de chocolate, por favor!). Tive que aguentar a gozação dos meus colegas de trabalho e decidi: amanhã almoçarei no mesmo horário, com as mesmas pessoas e no lugar que estou acostumada – mais surpresas essa semana não dá!
Esqueci de avisar: ontem foi a minha estréia no Pecados Capitais. Estava muito ansiosa. Se puder, dê uma olhada!