“Mas eu me mordo de ciúme”

Eu sou ciumenta, sei disso e nunca neguei. Fico incomodada com amiguinhas educadas demais, com recadinhos amorosos no orkut, com atrasos, telefonemas de amigos chamando para tomar aquele chopp ou jogar aquela pela (quem é a pelada????).

Pessoas ciumentas como eu sofrem muito. Imaginamos milhares de coisas, fantasiamos e criamos diversas situações. Sabe aquele chopp? Vira uma festa do cabide. Aquele futebol asa quartas? Uma desculpa esfarrapada para fazer noitada sozinho e por aí vai.

Não venham com discursos de que sou insegura demais, não confio na minha própria sombra, que não há relacionamento sem confiança e que ser ciumenta faz mal à saúde, porque, de tudo isso, eu sei. E até disfarço direitinho.

Nunca protagonizei uma briga por causa de ciúme, com namorado ou mulher alguma. Nunca cheirei roupas para saber se o meu príncipe andou por outros castelos, nunca investiguei telefones ou vistoriei carteiras a procura de uma prova, de um vestígio. Já sou muito baixinha para me dar o luxo de descer do salto.

Eu sofro calada, com meus achismos e minhas invencionices, porque ninguém merece ficar ouvindo papinho chato de insegurança, ficar se explicando até pelo que não fez ou ficar dando satisfação pelo ato dos outros. Que culpa ele tem se a ex ainda o ama ou a gostosona da mesa ao lado tem bom gosto e cismou com a cara dele?

Ciumento que é ciumento ainda pensa num detalhe muito importante: apontar a concorrência, por mais exibicionista e insinuante que seja, faz que ele comece a prestar atenção. Cria alarde, alerta, e, se meu amado tiver que olhar para outra mulher que não seja porque eu apontei.

Não há vantagem nenhuma em ser ciumenta, soa até ridículo num mundo onde temos que ter controle sobre tudo, ser a dona da razão e ter segurança total. Mulher bem resolvida é segura, determinada e confiante.

É preciso certa maturidade para chegar nesse nível: quase morrer por dentro e fingir total controle da situação por fora, como se dominasse o mundo com as próprias mãos. Mas eu consigo. Para me proteger. Para proteger o relacionamento. Para proteger o namorado de cenas patéticas e ridículas.

Fico impressionada com a atitude amadora de algumas mulheres que se acham a tal. Ligar para saber da onde conhecemos o namorado dela, que manda e-mail pedindo para nos manter afastadas, que deixa um scrap no orkut, se humilhando e implorando, peloamordedeus!, fica longe do amor da minha vida.

De ciúme eu entendo muito bem. De falta de amor-próprio, nenhum pouco.
Sentir ciúme já é ruim, demonstrar é o fim.

Idiotilde

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Giseli Rodrigues

Mãe do Lucas. Escritora. Professora. Revisora. Especialista em Letras, Recursos Humanos e Gestão Empresarial. Estudante de Psicologia. Chocólatra. Flamenguista. Pintora nas horas vagas. Bem-humorada. Feliz.

Um comentárioDeixe um comentário

  • Concordo com vc Id!!
    Ciúmes ainda vai, mas falta de amor próprio é o pior estágio da burrice, e nesse estágio Graças a Deus eu não cheguei ainda e espero nunca chegar!
    bjs

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