Alma de criança

Eu sou uma adulta com alma de criança e, de longe, ainda posso ser confundida com uma, já que nem 1,60 de altura (que vergonha!) eu tenho. Sou fã das superpoderosas e me acho parecida com a Lindinha, assisto todos os filmes da Xuxa e estou frustada por não ter ido ao “xou” lá na Barra da Tijuca, adoro o desenho da Ami e Yumi, comprei cds da Turma do Balão Mágico com desculpa de que eram para Lucas.

Festa infantil, para mim, é um verdadeiro paraíso. Brigadeiro, cajuzinho, cachorro-quente, hamburguer, salgadinhos, algodão doce, milho, pipoca e muito refrigerante. Sem que ninguém pergunte se a coca-cola deve ser light, porque light e diet é coisa de adulto. Quer coisa melhor?! Fico frustada porque não me permitem entrar na piscina de bolinha, mas, ainda assim, eu me divirto feito criança.

As crianças gostam de mim. Eu conheço as bonecas de hoje em dia e ainda comparo com as do “meu tempo”, converso sobre os desenhos, os filmes e os álbuns de figurinhas. Como mãe de um menino, ainda sei quais jogos de playstation estão na moda, que jogos de computador os garotos curtem, como soltar pipa e onde vende, quem ganhou o campeonato de futebol e por aí vai.

Tem mais: quando brinco com uma criança eu não brinco para perder. Essa coisa de mudar a regra do jogo só para criança ganhar, de dizer que ela fez mais pontos e só para deixá-la feliz, definitivamente, para mim não serve. Brincar é coisa séria. É brincando que aprendemos a lidar com os problemas e frustações, com a dor da perda e a felicidade da vitória. Talvez por isso elas gostem de brincar comigo e ficam ainda mais felizes quando eu perco.

Como toda criança destemida tem um calcanhar de aquiles, eu não gosto de Parque de Diversões. Programa que meu filho, de 9 anos, adora. Proponho outros programas, falo que vou outro dia e, por fim, apelo para a chantagem emocional. Em vão. Ele quer ir ao parque. E eu vou.

É um vexame. Eu grito até naquele “minhocão”, como se fosse a maior montanha russa do mundo, fecho os olhos ao entrar na casa mal assombrada e grito “me tirem daqui!!!!!!”, do alto da roda-gigante. Todo mundo se diverte. Todo mundo acha graça. Todo mundo acha que eu sou a mãe mais participativa e brincalhona da face da terra.

O que a gente não faz por amor…

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Giseli Rodrigues

Mãe do Lucas. Escritora. Professora. Revisora. Especialista em Letras, Recursos Humanos e Gestão Empresarial. Estudante de Psicologia. Chocólatra. Flamenguista. Pintora nas horas vagas. Bem-humorada. Feliz.

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