Me sinto só, me sinto só

Eu quis fazer tudo certo. E fazer tudo certo consistia em não me envolver num relacionamento que, desde o início, estava condenado ao fracasso. Resisti. Disse não. Fugi o quanto pude. Mas algo dentro de mim dizia que eu deveria ficar. Que deveria acreditar. Que deveria insistir. Que deveria ser corajosa e seguir em frente. E, pouco a pouco, eu cedi. E, agora, depois de ter certeza que jamais sofreria novamente, minhas lágrimas já secaram, mas eu continuo chorando. O que eu faço com esse tanto que sinto aqui dentro? Não vai adiantar me afogar em mais trabalho, mudar o estilo musical, deixar de comer chocolate, odiar suco de manga, nunca mais ir à praia nessa vida. Não querer pensar é estar pensando. E pensar aumenta mais essa ferida que ninguém vê, mas lateja, sangra e dói. Por que a gente não pode ser feliz? Ser feliz sem hora marcada. Ser feliz por tempo indeterminado. Ser feliz sem que, para isso, alguém tenha que chorar também? Alguém me enganou quando disse que o amor era uma coisa boa. E eu não quero mais brincar de amar – porque brincadeira, eu sempre disse, é coisa muito séria.

(Me sinto tão seu)

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Giseli Rodrigues

Mãe do Lucas. Escritora. Professora. Revisora. Especialista em Letras, Recursos Humanos e Gestão Empresarial. Estudante de Psicologia. Chocólatra. Flamenguista. Pintora nas horas vagas. Bem-humorada. Feliz.

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