Maternidade e vida profissional

Constantemente eu ouço mulheres afirmando que, se pudessem, largariam o trabalho para cuidar dos filhos. Que se sentem culpadas por trabalharem fora. Que ficam tristes ao deixar os filhos na creche. Eu amo o meu filho, mas nunca senti culpa por dar tchau, virar as costas e me dedicar ao trabalho. Nem mesmo na época de faculdade, quando trabalhava durante o dia e estudava à noite.

Mesmo se fosse riquíssima ou ganhasse na mega-sena não deixaria de “trabalhar fora”. E sempre falei isso para o meu filho. Hoje eu gosto do que faço. E sempre gostei do que fiz. Gostei de lecionar. Gostei de trabalhar em Comunicação. Gostei de trabalhar com Marketing. Gostei de trabalhar com Atendimento ao Cliente.

Quando o Lucas tentava me impedir de ir ao trabalho eu explicava o porquê precisava ir: porque eu tinha um compromisso, porque tinha que cumprir com a minha responsabilidade, porque eu o amava mais que tudo nessa vida, mas também gostava do que fazia. E, por fim, falava que precisava ganhar dinheiro. Para ser independente, para cuidar de mim. E dele.

Sempre me preocupei em não apresentar o trabalho como fardo. Como algo ruim, que distancia pais e filhos, que só serve para obter um retorno financeiro e permitir o acúmulo de bens materiais. Nunca vi dessa forma. Trabalhar faz com que a gente se sinta útil. Permite que a gente coloque em prática tudo o que aprende. Faz com que a gente conheça outras pessoas, tão diferentes e tão iguais a nós. Faz com que conheçamos a nós mesmos.

Vez ou outra o Lucas ainda pede que eu não vá ao trabalho. E confesso que acho lindo. Fica claro que me ama e gosta de estar em minha companhia. Mas esse é o momento, também, em que aproveito para falar de valores nos quais acredito: que a gente precisa fazer o que gosta, que tem que estudar algo que ame, que precisa cumprir sua responsabilidade, que compromisso é compromisso, que não se pode faltar ao trabalho sem que haja um motivo plausível e verdadeiro. E ainda comparo a minha rotina a dele, de estudante. Cada um tem os seus compromissos e os seus desafios.

Não tenho pretensão de que o Lucas tire disso alguma lição. Espero que sim. Que escolha estudar o que lhe dar prazer, e não o que lhe dê dinheiro. Que preze pela responsabilidade. Que valorize o compromisso. Que seja curioso. Que estude cada dia mais. Que respeite a vida profissional das mulheres. Que é possível conciliar vida pessoal e profissional. Mas, se tiver que tirar apenas uma lição que seja apenas a de que não devemos culpar os filhos (nem a ninguém!) por não ter conquistado o que desejava.

Desde que meu filho nasceu tenho me esforçado para ser a melhor mãe que eu posso ser, mas é claro que não acerto sempre –  embora tenha lido inúmeros livros sobre Educação Infantil, de “Criando Meninos” a “Quem ama educa”.

Sou uma mãe presente, que acredita que para ser uma boa mãe é preciso, antes de qualquer coisa, ser uma pessoa feliz – e eu não seria feliz se tivesse que ficar em casa 24h, todos os dias. E isso faz muita diferença. E tenho certeza: o meu  filho (me) entende.

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Giseli Rodrigues

Mãe do Lucas. Escritora. Professora. Revisora. Especialista em Letras, Recursos Humanos e Gestão Empresarial. Estudante de Psicologia. Chocólatra. Flamenguista. Pintora nas horas vagas. Bem-humorada. Feliz.

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