Detalhes cotidianos e velhice

Hoje de manhã resolvi fazer uma lista de pendências. Listei tudo que preciso resolver essa semana. Confesso que tive vontade de me boicotar e não passar no curso de inglês para comprar o livro do Lucas – um dos itens que tinha decidido eliminar antes mesmo de ir ao trabalho. Mas fui. Na volta, equilibrando minha bolsa num braço e livro no outro dentro de um ônibus lotado, sentei ao lado de uma senhora perfumada, bem arrumada, com cores vivas e brincos de pérola. Ela puxou assunto comigo quando ouviu o motorista falar de um acidente envolvendo uma moto e um ônibus. Disse que sempre teve medo de atropelar alguém e carregar essa culpa, e que, até hoje, depois de muitos anos de carteira de motorista, sempre pede proteção antes de dirigir. Falou de responsabilidade, escolha, educação no trânsito, solidariedade, cooperação. O trânsito engarrafou e logo já estávamos falando do relacionamento entre pais e filhos, educação escolarizada, sistema penitenciário. Ela não uma velha ranzinza, sabe? Dessas que falam mal de tudo, reclamam da vida e já têm a testa franzida. Naqueles minutos de conversa, que nem sei quantos foram, eu decidi: quero ser uma velha perfumada, arrumada, elegante e, principalmente, grata pela vida. Fui para o trabalho pensando que, mesmo em situações tão simples e cotidianas, temos oportunidade de aprender alguma coisa com alguém.

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Giseli Rodrigues

Mãe do Lucas. Escritora. Professora. Revisora. Especialista em Letras, Recursos Humanos e Gestão Empresarial. Estudante de Psicologia. Chocólatra. Flamenguista. Pintora nas horas vagas. Bem-humorada. Feliz.

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