Lixo Extraordinário – Porque a Arte transforma as pessoas.

Tive oportunidade de ver algumas cenas do filme Lixo Extraordinário no 37º Congresso de Gestão de Pessoas promovido pela ABRH, onde foi realizado um Cine Fórum sobre a obra. Naquele dia virei fã do Tião, um dos personagens do filme, presente no debate, que tão bem discursou sobre cidadania, responsabilidade social, compromisso com o meio ambiente.

No entanto, não vou falar sobre Sustentabilidade – embora o tema mereça. Vou falar de Arte. Só ontem tive a oportunidade de assistir, por completo, o filme do Vik Muniz e estou emocionada até agora. Filmado ao longo de dois anos (agosto de 2007 a maio de 2009), o filme acompanhou o trabalho do artista plástico Vik Muniz em um dos maiores aterros sanitários do mundo: o Jardim Gramacho, na periferia do Rio de Janeiro.

Enquanto fotografava um grupo de catadores de materiais recicláveis que o ajudou a construir as obras, ele se depara com a única coisa valiosa daquele lugar: a história de vida daquelas pessoas. E, de alguma forma, as transforma – e é transformado por elas. Com ajuda da arte todos os personagens passam a valorizar mais o seu trabalho, a resgatar sua auto-estima, a vislumbrar um futuro melhor, a questionar sua rotina, a sonhar.

O filme consegue mostrar que, independente da classe social, do lugar onde vivem, das oportunidades que possuem, do dinheiro que ganham, todos somos iguais. Não há pessoa melhor ou pior. Ou não pela condição social que ela tem.

Embora tenha me levado a diversas reflexões, da preservação do meio ambiente a arrogância humana, eu não consigo parar de pensar no poder transformador da Arte. O filme é uma prova indiscutível daquilo que mais acredito: a Arte transforma as pessoas.

Como afirmou Ferreira Gullar, “A arte existe porque a vida não basta.” A vida dos personagens foi modificada através do contato com o Vik, porque, de uma forma ou de outra, a alma humana precisava de arte para se manter viva.

Ainda que a gente nem se dê conta, ao ler um livro, assistir um filme, ouvir uma música, contemplar um quadro, entrar em um museu, estamos nos distanciando um pouco da realidade para defrontá-la e questioná-la depois. E isso muda tudo. Porque isso muda a nós mesmos.

Lixo Extraordinário é um filme que deveria ser visto por todos os brasileiros. Reserve-se no direito de não assistir, se quiser, mas por favor, assista um filme. Cante, dance, leia, escreva, vá ao teatro, entre num museu, fotografe. Muitos tentam nos convencer de que isso é bobagem, que isso é para gente rica, intelectual, metida, que a Arte não serve para coisa alguma. É mentira. Só a Arte é capaz de sacudir nossa alma com leveza e, ainda assim, fazê-la mudar.

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Giseli Rodrigues

Mãe do Lucas. Escritora. Professora. Revisora. Especialista em Letras, Recursos Humanos e Gestão Empresarial. Estudante de Psicologia. Chocólatra. Flamenguista. Pintora nas horas vagas. Bem-humorada. Feliz.

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