A “orkutização” do Instagram

Esta semana várias pessoas se mostraram insatisfeitas com o instagram. Primeiro porque ele ganhou uma versão para android e, logo depois, porque foi vendido para o facebook. Na minha cabeça qualquer celular com acesso a internet tinha instagram. Só descobri que era exclusividade nossa, donos de iphone, depois de ler uma enxurrada reclamações sobre a popularização do aplicativo. Diferente deles, eu achei bom. Se um dia eu quiser mudar para android posso continuar compartilhando minhas fotos.

Confesso que ri muito quando afirmaram que haveria “orkutização” do serviço. Não é de hoje que muitos utilizam o termo quando se referem a tudo aquilo que consideram negativo nas redes sociais: spams, correntes, fotos inadequadas, piadas sem graça, conteúdo pornográfico ou violento, pedido de dinheiro e coisas do gênero – e associam esses conteúdos à quantidade de pessoas que passaram a utilizar tais redes sociais. Ou seja, na cabeça de muita gente algo só é bom quando é para poucos. Ou até o dia em que é para poucos.

Quando entrei no facebook, em 2009, não tinha absolutamente ninguém lá. Ninguém que eu conhecesse, obviamente. Falei sozinha algumas vezes, publiquei fotos e deletei meu perfil meses depois, porque não tinha a menor graça fazer parte de uma rede em que eu não conhecesse ninguém. Hoje muita gente está reclamando que no facebook há gente demais. Já li até que tem brasileiro demais! Ou seja, agora não presta mais.

É bem verdade que muitas pessoas não sabem utilizar as redes sociais e têm comportamento inadequado. Num mundo em que praticamente não existe mais limite entre vida real e virtual, muitos pecam pela falta de bom senso e até mesmo educação. Nem todo mundo que tem um computador, ou um computador com acesso à internet, está incluído digitalmente. A internet exige outros códigos. Mas é vida é assim: nem todo mundo que é alfabetizado sabe ler, não é verdade? Uns demoram mais para aprender e, infelizmente, outros não aprendem nunca.

Toda essa polêmica em torno do instagram serviu para mostrar que, para muitas pessoas, nem tudo é direito de todos, nem todo mundo pode ter acesso a tudo. Mostrou que parte da sociedade concorda que só alguns privilegiados podem usufruir determinados serviços. Se pensam assim sobre um simples (embora genial) aplicativo de compartilhamento de fotos, provavelmente pensam assim sobre coisas mais substanciais e isso, de alguma maneira, me preocupa.

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Giseli Rodrigues

Mãe do Lucas. Escritora. Professora. Revisora. Especialista em Letras, Recursos Humanos e Gestão Empresarial. Estudante de Psicologia. Chocólatra. Flamenguista. Pintora nas horas vagas. Bem-humorada. Feliz.

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  • Gisele queria deixar por escrito o quanto me senti feliz lendo o que vc escreve .Li tudo ,tão rápido ,que quanddo me dei conta ,o tempo havia passado e eu nem tinha dado conta.Que delícia! Os textos são ótimos,leves e todos com uma mensagem muito boa.Parabéns!

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