Onde há violência, não há amor

Frequentemente, são noticiados casos de crimes contra as mulheres. Muitas são mortas, mutiladas, agredidas ou violentadas por seus próprios parceiros. Pelos mais diversos motivos. Todas as vezes que um crime passional vem à tona eu fico me perguntando: quando foi que o amor se transformou em ódio? Pessoas que amam são capazes de espancar, violentar e ameaçar? Se o amor é uma coisa boa, como acredito que seja, pode levar à dor, sofrimento e destruição?

Em janeiro deste ano li uma matéria sobre o aumento de crimes passionais contra mulheres em São Paulo. Não sei se a quantidade de crimes realmente aumentou ou se as mulheres têm tido mais coragem de denunciar seus parceiros. Só sei que enquanto você lê este texto tem uma mulher sendo agredida por um homem que deveria amá-la. E isso é muito triste.

Alguns relacionamentos, ainda que não levem à morte nem estampem capas de jornais, deixam sequelas dolorosas. Todos nós já ouvimos histórias de mulheres que são impedidas de trabalhar, estudar e decidir por si mesmas. Histórias de homens que proíbem as mulheres de usar o que quiserem, de ter o corte de cabelo que desejam, de irem a qualquer lugar ou falar o que pensam.

Em pleno século XXI ainda tem quem acredite que o ciúme doentio é manifestação de amor, que o homem tem a última palavra, que mulheres devem obedecer a seus companheiros e se sujeitar a todo tido de sofrimento para manter um relacionamento – ainda que ele só traga tristezas.

Não é minha intenção julgar os relacionamentos amorosos alheios, até porque prefiro acreditar que por mais doentia que seja uma relação hoje, existiu amor, paixão e admiração um dia. E, por isso mesmo, deve ser difícil assumir que o que parecia um sonho virou pesadelo. Ainda mais em uma sociedade que, o tempo todo, nos leva a crer que amar é sofrer.

Eu, no entanto, acredito que relacionamentos amorosos são compostos por pessoas que veem o outro como um companheiro, não como propriedade particular. Apoiam-se, incentivam uns aos outros, se respeitam, se compreendem, e têm amor próprio. Por isso concluo que nem todo casal protagoniza uma história de amor, porque só sabe amar quem tem amor para dar.

Exatamente por isso, desejo que todas as pessoas sejam capazes de amar e serem amadas, que cultivem o amor – estando sozinhas ou acompanhadas. Onde há dor, desrespeito, ameaça, humilhação, medo, violência e agressão não existe amor. Amor, amor mesmo, é aquele sentimento que faz com que desejemos ser melhor do que somos. Tornando o mundo um lugar bem melhor de se viver.

Texto meu publicado no blog Amor Crônico no dia 12/3/2013.

Sobre a autora Todas as publicações

Giseli Rodrigues

Mãe do Lucas. Escritora. Professora. Revisora. Especialista em Letras, Recursos Humanos e Gestão Empresarial. Estudante de Psicologia. Chocólatra. Flamenguista. Pintora nas horas vagas. Bem-humorada. Feliz.

Deixe uma resposta

Your email address will not be published. Required fields are marked *