Companheiros de viagem

Ainda nem éramos namorados quando viajamos juntos pela primeira vez. Foi uma decisão impulsiva, sabe? Um de nós falou “Vamos?”, o outro concordou e logo já estávamos de malas prontas. Nem tive tempo para ficar ansiosa e imaginar como seriam aqueles dias com alguém que eu não conhecia muito bem.

A viagem foi ótima, nos divertimos muito, tiramos várias fotos e guardamos inúmeras recordações até hoje. Ao voltar e desfazer as malas, no entanto, nenhum dos dois pediu o outro em namoro. Só não nos desgrudamos mais. De uma maneira ou de outra, ser bons companheiros de viagem nos tornou um casal.

Mais de três anos depois daquela viagem, muitos álbuns de fotografias, uma lista de lugares visitados e uma maior ainda daqueles que iremos visitar, eu me arrisco a dar um conselho: escolha um companheiro com quem você gosta de viajar. Porque viajar é muito mais do que escolher um destino. É fazer planos, pesquisar, conversar, entrar em acordo e definir como serão pagas as contas – porque sonhar pode até não custar nada, mas transformar os sonhos em realidade requer um investimento muito alto.

Já ouvi algumas vezes que a melhor maneira de conhecer uma pessoa é viajando com ela e que essa seria, inclusive, uma forma de testar se o relacionamento tem futuro. Eu não vou cometer a loucura de comparar um casamento com uma viagem a lazer. Mas, se viajando, quando não temos hora para dormir ou acordar, não temos que nos preocupar com o quem lava a louça ou arruma a cama, vivemos cada dia como bem entendemos, seu companheiro já é uma mala, imagina na rotina de um casamento? Melhor despachar.

Viaje com um companheiro que aceita suas sugestões, não fica reclamando quando algo não sai como o planejado, tem um olhar curioso sobre as coisas, topa mudar o roteiro. E, principalmente, te encoraja a fazer coisas que você jamais faria se estivesse sozinha. Eu, mesmo não gostando de frio, já fui para neve esquiar. Sem sucesso, mas ao menos tentei. Nadei, sem saber nadar, com tartarugas e tubarões (com um colete, claro!), porque me senti segura. E tenho certeza que ele também teve algumas experiências que não teria tido se eu não estivesse presente.

Viajar é mais do que tirar fotografias e comprar souvenir. Afinal de contas, as melhores lembranças que trazemos são aquelas que não ocupam lugar na mala e não geram excesso de bagagem: nossas experiências. É aceitar as diferenças e perceber que o mundo vai muito além de nossas convicções. É ter disponibilidade para aprender. Sobre o lugar, sobre nós mesmos e, também, um pouco mais sobre o outro.

Se a vida é mesmo uma viagem, como dizem, (só) embarque com alguém em quem você confia, admira, gosta de conversar, se divirta e tenha coragem de se deixar levar até de olhos fechados.

Texto publicado no Amor Crônico no dia 7/8/2013.

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Giseli Rodrigues

Mãe do Lucas. Escritora. Professora. Revisora. Especialista em Letras, Recursos Humanos e Gestão Empresarial. Estudante de Psicologia. Chocólatra. Flamenguista. Pintora nas horas vagas. Bem-humorada. Feliz.

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