Sobre o rei do camarote

Como a maior parte das pessoas, eu tive a infelicidade de assistir o vídeo “O Rei do Camarote”. Na hora fiquei tão estarrecida que não consegui proferir uma palavra sequer. Achei ridículo, desnecessário e torci para que aquilo não passasse de uma brincadeira de mau gosto.

O maior problema do vídeo não é uma pessoa gastar 50 mil reais numa noite, ainda que isso deixe claro o quanto desigual é a nossa sociedade. É justo que tenha gente morrendo de fome enquanto outros gastam milhares comprando bebida que pisca? Mas o motivo do meu texto não é esse. Sobre desigualdade social escrevo outro dia. Ou não.

Se uma pessoa ganha muito dinheiro, desde que honestamente, pode gastá-lo como bem entender. Inclusive com bebida que pisca, Ferrari e noitadas, claro. O grande problema, ao meu ver, é gastar dinheiro com champanhe quando na verdade gosta de vodka, é dizer que um ambiente precisa ter mulher para agregar ao camarote. É ser o que não é para demonstrar que é superior aos outros.

Quantas pessoas, independente do que ganham, vivem para satisfazer necessidades que não são suas? Para provar que são melhores que os outros? Para aparentar status? E se não têm 50 mil reais, ficam endividadas para comprar um carro ou roupas de marca, frequentar lugares da moda e beber coisas que não gostam só porque os outros gostam? Além disso, quantos homens veem as mulheres como carne de açougue, adorno, enfeite, que numa noitada servem apenas para fazer número e agregar valor ao camarote?

A sociedade em que vivemos está doente e um monte de gente finge não perceber. Até quando?

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Giseli Rodrigues

Mãe do Lucas. Escritora. Professora. Revisora. Especialista em Letras, Recursos Humanos e Gestão Empresarial. Estudante de Psicologia. Chocólatra. Flamenguista. Pintora nas horas vagas. Bem-humorada. Feliz.

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