Sobre a obrigação de ser feliz o tempo todo

Pode ser que eu tenha prestado mais atenção, mas a verdade é que, aos meus olhos, parece cada vez maior a quantidade de livros de autoajuda. Nada contra eles, que fique claro. Toda leitura é válida e acaba nos ensinando mesmo alguma coisa. O que tem me incomodado é essa busca incessante por um manual que indique o caminho para a felicidade. E a ideia de que precisamos ser feliz o tempo todo.

Como a maior parte das pessoas, eu acredito que nascemos para ser felizes. Mas não creio que isso seja possível 24 horas, todos os dias. E se é muito chato conviver com pessoas que só veem o lado negativo da vida, aviso que o contrário também é verdadeiro. Pessoas que não veem problema em nada, pensam sempre no lado positivo, têm sempre uma palavra ou frase motivacional também dá nos nervos.

O motorista do ônibus não parou, um velho babão falou algo ridículo, você foi mal numa prova, um familiar está doente, você foi assaltado ou seja lá o que for e tem alguém para dizer: “não fica assim não”, “deus sabe o que faz”, “vão se os anéis e ficam os dedos”, “mantenha a calma”. Peloamordedeus: temos o DIREITO de ficar tristes também.

É claro que não precisamos expor nossas dores, medos, dúvidas ou pensamentos para todo mundo. Mas não podemos escondê-los de nós mesmos. Só consegue ser feliz de verdade, mesmo que viva momentos tristes de vez em quando, quem conhece suas próprias emoções. E aprende a lidar com elas.

Seja feliz. Mas não se culpe por não sê-lo o tempo todo. Ninguém é. Estão todos mentindo. Até para eles mesmos.

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Giseli Rodrigues

Mãe do Lucas. Escritora. Professora. Revisora. Especialista em Letras, Recursos Humanos e Gestão Empresarial. Estudante de Psicologia. Chocólatra. Flamenguista. Pintora nas horas vagas. Bem-humorada. Feliz.

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