O dia amanheceu chuvoso, o trânsito estava engarrafado e o terminal rodoviário também. Uma confusão de ônibus para todos os lados. Impacientes, alguns passageiros começaram a gritar, pedindo para o motorista abrir a porta em um lugar indevido. Ele se recusou. Mais gritaria. Assim começou a terça-feira. Quente, mesmo em dia de frio.
Aquilo tudo foi me irritando profundamente. Mas não havia nada que eu pudesse fazer. Impossível voltar no tempo e sair de casa ainda mais cedo para evitar o trânsito. E eu chegaria atrasada mesmo se o motorista abrisse a porta.
Nessa hora, já cansada de tanta gritaria e imaginando que o dia seria difícil se já havia começado estressante, eu tomei uma decisão: não deixar com que todo o meu dia fosse influenciado pelo que tinha acontecido nas primeiras horas da manhã. E, incrivelmente, consegui.
Preferi não ficar desesperada, nem nervosa e fazer as coisas no ritmo que estavam. Eu também não tinha como adiantar a barca, afinal. Pensei em coisas boas, fiz mentalmente a tabela de coisas que precisavam ser resolvidas no dia, durante a travessia adiantei a leitura para fazer um trabalho. Eu me atrasei, sim. Em 10 minutos.
Suponho que os demais tenham se atrasado o mesmo tempo que eu. Com a diferença de que ficaram desesperados e devem estar estressados até agora. Porque com tanta gritaria e mau humor as outras horas do dia não devem lá ter sido muito boas.
Se algumas coisas independem da nossa decisão, que ao menos possamos escolher nossos próprios pensamentos. E fazer esse exercício todos os dias.