Um ano novo sempre vem

Este ano está acabando, como outros anos se acabaram. Mas 2016 não foi um ano qualquer. Foi o ano em que sediamos as Olimpíadas e o Estado do Rio de Janeiro quebrou. Que o Brasil desmoronou de tantas maneiras que nem sei descrever. Que a nossa fé na humanidade foi testada diariamente.

2016 confirmou que os anos estão avançando, mas as pessoas não estão evoluindo. Como sonhadora que sou, acreditava ser possível um mundo mais tolerante, respeitoso, em que as pessoas fossem capazes de dialogar e não impor suas crenças aos outros. Que aceitassem as diferenças e julgassem menos. Ledo engano.

Faz tempo que não acredito que somos o país do futuro e que as crianças são a esperança de um amanhã melhor. As crianças, coitadas, só reproduzem os exemplos que têm. E muitas convivem com pessoas desequilibradas, intolerantes, preconceituosas, que julgam serem boas mesmo depois de ter assassinado a pancadas um ambulante no metrô, por exemplo.

A gente liga a televisão e só tem más notícias. Sempre tivemos más notícias, é verdade. Homens que espancam mulheres. Políticos corruptos. Pessoas que agridem umas às outras. Hospitais sem insumos e com pacientes atolados nos corredores. Escolas sem professores, sem recursos, com número superior de alunos por turma. Nada disso é novidade. Sempre existiu. A diferença é que antes tínhamos esperança de que um dia as coisas iriam mudar. Hoje em dia não mais.

Pessoalmente eu não posso reclamar de 2016. Foi um ano bom para mim. Mas eu queria que fosse um ano bom para todo mundo. Que todos conseguissem empregos, pudessem pagar suas contas, estudassem o que escolheram, recebessem seus salários integralmente e nas datas corretas, tivessem recursos para trabalhar. E que casassem com o amor de suas vidas.

Mas, em meio a um ano tão turbulento, 2016 nos ensinou que não precisamos de muito para ser felizes, mas do essencial. Que do amor que damos e recebemos tiramos a força necessária para continuar acreditando que o mundo será melhor algum dia. Que temos que comemorar nossas conquistas e nos alegrar com elas, apesar de tudo que nos rodeia.

Um ano novo sempre vem. A vida sempre continua. E desejo que o ano novo seja leve, feliz, cheio de momentos alegres e muito amor. Que sejamos capazes de mudar o que podemos mudar e de lidar de maneira inteligente e equilibrada com o que não depende de nós.

Feliz Ano Novo!

Crônica publicada no Amor Crônico no dia 30 de dezembro de 2016.

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Giseli Rodrigues

Mãe do Lucas. Escritora. Professora. Revisora. Especialista em Letras, Recursos Humanos e Gestão Empresarial. Estudante de Psicologia. Chocólatra. Flamenguista. Pintora nas horas vagas. Bem-humorada. Feliz.

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