Amor Próprio e Carência Afetiva

Quem nunca passou alguns instantes com um casal e teve certeza de que eles estariam melhores sozinhos do que acompanhados? Somos levados a acreditar que amor está relacionado a viver a dois, encontrar alguém, casar e construir uma família. E, na ânsia de encontrar o amor, muitas pessoas aceitam viver relações pouco construtivas e enriquecedoras. Por medo da solidão aceitam qualquer relacionamento.

Eu sei que é clichê, mas antes de se relacionar com uma pessoa, aprenda a se relacionar com você e a gostar da sua companhia. Ninguém é capaz de preencher o vazio existencial que existe dentro de cada um de nós. Os parceiros devem ser escolhidos por desejo, admiração, prazer em estar em sua companhia. Não por ser a única opção ou por medo de não encontrar companhia.

Para se entregar a alguém e viver uma vida feliz é preciso antes reconhecer o seu próprio valor, festejar as suas conquistas, se presentear, buscar formas de se fazer feliz – independente de estar ou não com alguém. O outro não deve ser a motivação, incentivo e aprovação para as suas atitudes e decisões.

É claro que casais apoiam e ajudam um ao outro. No entanto, eles não fazem apenas o que o outro gosta, o que o outro quer, da maneira que ele acha ideal. Infelizmente muitas pessoas acabam aceitando um relacionamento assim por achar que não merecem ser aceitas como são. Consideram que amor é sacrifício e precisam manter uma vida a dois para serem felizes. Mas isso é falta de amor próprio. É carência afetiva.

A carência afetiva está enraizada no desejo de suprir vazios interiores. Faz com que as pessoas criem extrema dependência do outro, sejam submissas, aceitem qualquer condição por medo de ficarem sozinhas e tornam-se um verdadeiro fardo para os parceiros, que ficam sufocados e sobrecarregados.

Quando falta amor próprio e a carência afetiva é latente, faltam critérios para se relacionar, pois qualquer pessoa serve. Mas a má escolha e os sintomas de carência fazem com que o relacionamento não perdure. Há cobrança excessiva, vontade de que o outro abandone seus planos pessoais para viver a sua vida, comparação com outros casais, hábito de se fazer de vítima para comover o outro.

Se você é capaz de amar outra pessoa, com tudo o que ela tem de positivo e negativo, também consegue amar a si mesmo. Ao gostar de si mesmo, conhecer suas qualidades, lidar com suas limitações e nutrir o amor próprio, a necessidade pelo outro diminui. E o relacionamento se transforma.

Ame-se. E o seu relacionamento com o outro será muito mais gratificante e feliz.

Crônica publicada originalmente no Amor Crônico.

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Giseli Rodrigues

Mãe do Lucas. Escritora. Professora. Revisora. Especialista em Letras, Recursos Humanos e Gestão Empresarial. Estudante de Psicologia. Chocólatra. Flamenguista. Pintora nas horas vagas. Bem-humorada. Feliz.

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