Ninguém é obrigado a casar

Quando mais nova não gostava de cerimônias de casamento. Mas a maturidade me fez enxergar o valor e a beleza dos rituais, das festas, dos marcos. E cerimônia de casamento é isso: um rito de passagem. Além de uma ótima oportunidade de reunir pessoas queridas, de perto ou de longe, compartilhar alegria e se divertir.

Ando um tanto emocional, acreditando que vale mais aproveitar o momento, celebrar a vida, do que poupar todo o dinheiro gasto em uma festa dessas. Deve ser emocionante olhar o álbum de fotografias anos depois, rever as cenas mesmo que na memória, contar aos netos e bisnetos os momentos vividos.

Até hoje não conheci ninguém que tenha se arrependido de fazer festa de casamento. Mesmo as pessoas que se separaram. É um momento da vida. Uma realização. Porque, convenhamos, encontrar alguém com quem a gente tenha interesse em compartilhar a vida é coisa rara. Que nos faça ter vontade de gastar um dinheiro considerável e dispor de tempo para ver tantos detalhes mais ainda.

No entanto, ninguém é obrigado a casar. Nem fazer festa. Cada pessoa tem o direito de estar só ou acompanhada e, se acompanhada, escolher a melhor forma de comemorar ou não o seu amor. Hoje em dia temos liberdade. De casar no cartório ou na igreja. De manhã, de tarde ou de noite. Na cidade ou numa ilha deserta. De adotar o sobrenome um do outro ou não. Ou simplesmente pegar suas coisas e juntar com as do outro.

É justamente a liberdade que temos hoje de estar ou não com alguém que me deixa um tanto enfurecida com algumas cerimônias de casamento. Parece que por mais que os tempos evoluam o casamento só serve a mulher, só ela se interessa pelo matrimônio, está desesperada para casar e o homem está ali obrigado. Pois bem: não está.

Já escrevi sobre isso, mas estou escrevendo novamente, simplesmente porque não consigo entender o que as mensagens de alguns casamentos querem dizer. Damas de honra e pajens com plaquinhas “não corra, ela está linda”, “corre, ainda dá tempo de fugir”, por exemplo, são deprimentes. Não acho nem um pouco engraçado. O noivo foi ameaçado de morte para aceitar casar?

Topos de bolo com os noivos sendo carregados, puxados ou amarrados e coisas do gênero eu acho ridículo. Para dizer o mínimo. Os dizeres “Game over”, em camisas, taças, copos, canecas e seja lá onde for, também são de extremo mal gosto. A vida não acaba quando as pessoas casam. Ou não deveria.

Quem aceitou casar, aceitou porque quis. Não faz o menor sentido fazer piada, ridicularizar a cerimônia e a noiva. Existem maneiras engraçadas e respeitosas de comemorar o dia, se divertir, dar risadas e eternizar o momento.

Portanto, por favor, parem. Simplesmente parem. Sei que ninguém me perguntou nada, mas não está bonito não.

Crônica publicada no Amor Crônica em 08 de maio de 2017.

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Giseli Rodrigues

Mãe do Lucas. Escritora. Professora. Revisora. Especialista em Letras, Recursos Humanos e Gestão Empresarial. Estudante de Psicologia. Chocólatra. Flamenguista. Pintora nas horas vagas. Bem-humorada. Feliz.

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