Só pedir desculpa não vai adiantar

Vez ou outra as pessoas têm comportamentos que ofendem, trazem desentendimentos, geram desavenças e fazem mal ao outro de alguma maneira. Nós mesmos já magoamos quem amamos e já fomos magoados por eles. E, ao passo que não podemos aceitar tudo em nome do amor e não podemos nos colocar em segundo plano em uma relação, vamos aprendendo que não podemos agir sem pensar nas pessoas que fazem parte da nossa trajetória.

Quando escolhemos estar com alguém, caminhar ao seu lado e compartilhar nossa história de vida, precisamos estar atentos aos sentimentos do outro e considerá-los. Amar exige responsabilidade. Não dá para construir uma relação saudável se pensarmos apenas em nós mesmos, se não abrirmos mão de nada, se não levarmos em conta os desejos do outro, se não conciliarmos interesses.

Mesmo considerando o sentimento alheio, validando sua presença em nossa vida e se preocupando com o impacto de suas ações na vida do outro, às vezes o decepcionamos. E pedimos desculpas. Sem dúvida alguma reconhecer um erro ou perceber que o seu comportamento provocou algum mal ao outro é importantíssimo. Mas não é o bastante.

De nada adianta chorar, mandar flores, fazer declarações nas redes sociais, escrever cartas, ou comprar presentes sem mudar o comportamento que causou a mágoa, a tristeza, a ofensa. Sem se colocar no lugar do outro, sem validar o que o outro sentiu e sem se esforçar para agir de uma maneira diferente nos dias seguintes.

Infelizmente, muitas pessoas pedem desculpas, se mostram arrependidas, mas não refletem sobre suas atitudes. Não se esforçam para mudar seus comportamentos e viver de forma harmoniosa. Têm em mente que o outro deve aceitar tudo que fazem, que o amor aceita tudo, que ele é assim e ponto final.

Não estou dizendo que devemos nos tornar um fantoche, fazendo somente o que o outro quer e da maneira que ele deseja. Estou dizendo que compartilhar a vida com alguém exige abrir mão de alguma coisa, chegar a um consenso, conciliar interesses, admitir que o que para nós não têm relevância pode ter para o outro. E fazemos parte disso a partir do momento que aceitamos sua presença em nossa vida e decidimos caminhar ao seu lado.

Temos sempre a opção de andar sozinhos. Ao escolher estar com alguém não podemos fazer apenas o que nos vem à cabeça, não se importar com a opinião do outro e ignorar que nosso comportamento ofendeu. Amar é se afetar pela presença do outro. Deixar de pensar apenas em nós mesmos. Deixar de lado nossa arrogância e prepotência e reconhecer que podemos fazer diferente e melhor.

Se a pessoa que ama está magoada, se sentiu ofendida, ficou triste ou incomodada com qualquer coisa que você tenha feito, por favor, mesmo que não consiga entender o que ela está sentindo, dê atenção ao que está sendo dito. Ela tem direito de se sentir mal, uma vez que foi educada de maneira diferente, pensa diferente, e é diferente. E, se julgar pertinente, faça alguma coisa para mudar.

Só pedir desculpa pode resolver a curto prazo, mas o efeito duradouro vem com a mudança de comportamento, porque o amor é muito mais do que palavras.

Crônica publicada no Amor Crônico em 10 de julho de 2017.

Sobre a autora Todas as publicações

Giseli Rodrigues

Mãe do Lucas. Escritora. Professora. Revisora. Especialista em Letras, Recursos Humanos e Gestão Empresarial. Estudante de Psicologia. Chocólatra. Flamenguista. Pintora nas horas vagas. Bem-humorada. Feliz.

Deixe uma resposta

Your email address will not be published. Required fields are marked *