Lidando com o passado

“A minha mãe sempre disse que você tem que colocar o passado para trás antes que possa seguir em frente.”

Forrest Gump

Qualquer pessoa adulta que inicie um relacionamento sabe que o outro já teve outras relações amorosas. Umas mais significativas do que outras. Umas mais longas do que outras. À medida que o relacionamento vai evoluindo há necessidade de saber se as relações do passado estão onde deveriam estar: no passado.

É claro que quando o outro tem filhos o vínculo dessas relações vai se manter para sempre, mas, convenhamos, essa é uma das poucas exceções possíveis para que, aos olhos de quem ama, faz sentido que o ser amado tenha contato com o ex.

Existem diferenças muito significativas de pessoa para pessoa e, sobretudo, de casal para casal. Conheço pessoas que convivem com os seus ex e os do parceiro, chegando a participar de comemorações em conjunto e frequentando a casa do outro com os seus atuais companheiros. Outros, por sua vez, já não tem contato com ex nenhum. Não sabem onde vivem, o que fazem e como transcorreu sua vida depois do fim. E não se interessam.

Que importância tem isso para a relação atual? Lamento informar: toda. Se você faz o tipo “ex bom é ex morto”, mas o outro faz questão de manter vínculo, as coisas podem se complicar. Você vai conseguir lidar com o/a ex ligando? Marcando encontros? Falando o que tem feito da vida? Vai confiar que não existe nada além de amizade?

Em qualquer relação conjugal a confiança é essencial para a consolidação da intimidade. Mas já vi muitos parceiros escondendo que falam o ex, seja por redes sociais ou telefone, para não causar ciúmes e, ao final, conseguir gerar ainda mais insegurança no parceiro. Se a relação chegou mesmo ao fim, não significa mais nada, qual a necessidade de esconder que encontrou o outro por acaso, adicionou na rede social ou ainda têm contato?

A verdade é que muitas pessoas têm dificuldade de se livrarem do passado. Ficam se perguntando como seria a vida se tivessem tomado outra decisão e, não raro, ainda querem deixar em aberto a oportunidade de voltar para o ex se o relacionamento atual não der certo. Uma canalhice sem tamanho. Falta de respeito com o parceiro atual, com o ex e, sobretudo, consigo mesmo, porque quem não sabe bem o que quer dificilmente conquista uma relação saudável, feliz e próspera.

Em cada nova experiência afetiva, boa ou má, há um conjunto de antigas experiências que guardamos conosco. Mesmo inconscientemente. Mas as histórias do passado devem servir para nos tornar melhores no presente, não assombrar o que estamos vivendo. Olhar o que foi vivido de ruim numa relação anterior e refletir sobre qual a nossa contribuição para o seu insucesso pode colaborar para um relacionamento harmonioso no presente.

Vejo também que muitas pessoas iniciam novos afetos para esquecer amores que não deram certo. Ainda estão envolvidos e apaixonados por uma pessoa, mas incluem uma terceira, desavisada, no meio de toda essa confusão. Isso é má ideia. Resolva suas questões e ponha um ponto final definitivo antes de iniciar uma nova relação.

Para que a história atual seja única e especial, é preciso deixar o que foi vivido para trás e ter coragem de construir um relacionamento diferente. É preciso olhar para frente, porque como já diz um antigo ditado popular, “águas passadas não movem moinhos”.

Crônica publicada no Amor Crônico em 11 de setembro de 2017.

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Giseli Rodrigues

Mãe do Lucas. Escritora. Professora. Revisora. Especialista em Letras, Recursos Humanos e Gestão Empresarial. Estudante de Psicologia. Chocólatra. Flamenguista. Pintora nas horas vagas. Bem-humorada. Feliz.

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