Infidelidade emocional

Traição é um tema espinhoso e muitas vezes dolorido. É difícil encontrar alguém que nunca tenha sido traído. Mas, afinal, o que é traição? Quando falamos em infidelidade a maioria das pessoas imagina um relacionamento com conotação sexual. No entanto, muitos casos de infidelidade começam muito antes da relação sexual em si, com uma “amizade especial”. Que, justamente por não ter beijos, carícias e encontros sexuais, os envolvidos nem se dão conta de que estão traindo os seus parceiros.

É claro que pessoas comprometidas não estão proibidas de terem amigos e conviver com outras pessoas. Mas amigos não têm atração um pelo outro, não compartilham coisas em segredo, não se encontram às escondidas, não precisam omitir ou esconder as conversas que possuem nas redes sociais. Se você mantêm uma amizade em segredo, ainda que não tenha tido relação sexual, não deixa de ser traição. E isso tem um nome: infidelidade emocional.

Quais são os limites que separam uma amizade da infidelidade? Como avaliar se a amizade é só amizade? Para início de conversa: você apresentou o novo amigo ao parceiro? Ou faz questão de inventar pretextos para encontra-lo a sois? Das vezes que se encontram comenta com o parceiro? Ou faz questão de omitir os encontros?

Se você depende emocionalmente desta terceira pessoa, revela coisas íntimas do seu relacionamento, apaga as mensagens, inventa desculpas para encontrá-la e conversa sobre assuntos que o companheiro não pode saber, provavelmente você está traindo mesmo que não tenha se dado conta disso.

A infidelidade, seja ela física ou emocional, traz sequelas ao relacionamento amoroso, pois a aproximação emocional com outra pessoa direciona a atenção para além do relacionamento do casal. Uma amizade não significa infidelidade, mas uma necessidade de aproximação, atração e desejo de contar coisas para o amigo e não para o companheiro, é traição sim.

Amizades não trazem culpa, não são misteriosas, não precisam são escondidas. Se você precisa esconder o seu amigo do companheiro e ficar justificando a todo momento “somos apenas amigos”, há algo errado. Seja um contato virtual ou um almoço aparentemente inocente, se não pode ser compartilhado com o seu companheiro, não é só uma amizade.

Em um relacionamento saudável as pessoas não sentem obrigação de prestar contas todos os dias, não há a obrigatoriedade de relatar cada passo, cada mensagem e cada telefonema, mas também não há necessidade de esconder ou omitir a existência de conversas e pessoas específicas.

É muito comum acreditar que só há traição quando existe sexo, mas se distanciar do parceiro, priorizar uma pessoa fora da relação, querer contar as boas novas para outra pessoa e se sentir mais à vontade com ela é envolvimento emocional. Tão ou ainda mais grave do que uma relação sexual.

Cuide bem da sua relação amorosa.

Crônica publicada no Amor Crônico no dia 01 de outubro de 2017.

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Giseli Rodrigues

Mãe do Lucas. Escritora. Professora. Revisora. Especialista em Letras, Recursos Humanos e Gestão Empresarial. Estudante de Psicologia. Chocólatra. Flamenguista. Pintora nas horas vagas. Bem-humorada. Feliz.

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