Ao longo da vida conhecemos milhares de pessoas e, com algumas, temos a oportunidade de viver bons momentos, compartilhar histórias, ter experiências. Algumas dessas pessoas permanecem a vida toda. São os que chamamos amigos.
Podemos mudar de escola, de endereço, de profissão, de maneira de pensar, mas eles estão lá. Presentes, mesmo quando distantes. Participativos, incentivadores, companheiros. Se esforçam para estar ao nosso lado e, não importa quanto tempo tenha passado, os assuntos não se esgotam nunca.
Outras pessoas, no entanto, se perdem no caminho. Tomam outros rumos, têm posicionamento com o qual não concordamos, cuja presença não é tão empolgante ou, simplesmente, deixam de fazer parte da nossa vida sem que saibamos explicar.
A vida é assim. Pessoas vão e vem. Mas, ao passo que é natural e compreensível que pessoas que fizeram parte da nossa vida não permaneçam nela para sempre, muitos se ressentem e se frustram com relações que se esvaem. Alguns sentem culpa: o que eu fiz? Deveria ter me afastado? Devo manter contato?
Não raro as pessoas que tomam a iniciativa de restabelecer o vínculo ficam mais decepcionados, porque descobrem que a pessoa que buscavam não é a mesma que conheceram. E não é mesmo.
Mas o meu texto não é para essas pessoas. É para tantas outras que não têm mais paciência para certas piadas, não toleram mais a convivência com determinadas pessoas, estão cansadas de certos comportamentos, mas, por diversas razões, não têm coragem de se afastar.
Às vezes os inconvenientes são os próprios familiares e a pessoa não acha educado se manter distante. Ou tem poucos amigos e teme a solidão. Ou gostam da pessoa mesmo que ela tenha se tornado alguém desprezível e não sabe como agir.
Eu estou aqui para dizer que se afastar de quem faz mal é um presente que damos a nós mesmos. Uma demonstração de amor-próprio. Um remédio para a saúde mental. E nenhum de nós deveria se sentir mal por fazer bem a si mesmo.
Portanto, afaste-se sim daquele “amigo” que te inveja, da vizinha que fofoqueira que fala mal de todos para você, do namorado que te trai (ou te bate, te ridiculariza ou qualquer outra coisa), dos pais que não te respeitam, da tia que te humilha.
Não se culpe. Todo relacionamento depende do empenho e amor de ambos os lados. Se você é o único lado que investe, doa e se preocupa, é compreensível que canse. E decida seguir em frente com menos peso.
Crônica publicada no Amor Crônico em 8 de janeiro de 2018.