O fim da paixão

A paixão acaba. Cientificamente ela dura em média dois anos, nos enche de euforia e uma vontade louca de estar ao lado de determinada pessoa. Por conta de uma série de alterações no nosso cérebro enquanto estamos apaixonados, pensamos constantemente em que amamos. E isso tem um lado bom: faz com que no início da relação tudo seja mais fácil e ignoremos atitudes que antes julgaríamos indesejadas.

Como já diz o ditado “a paixão cega”. Obcecados pelo outro não somos capazes de enxergar seus defeitos, tomar decisões racionais e dedicamos a maior parte do nosso tempo a quem julgamos amar. Nossa percepção da realidade muda, só vemos sentido se estivermos com o outro e ficamos eufóricos a cada encontro.

Algumas paixões levam a atitudes impensadas, decisões maléficas e riscos desnecessários. Na maior parte das vezes, no entanto, a paixão traz felicidade, momentos alegres, permite experimentações e colabora com para que haja uma ligação emocional com quem conquistou o nosso coração. Isso porque, quando a paixão acaba, as pessoas estão ligadas umas às outras e iniciam uma nova fase do relacionamento.

A paixão dá lugar a uma ligação emocional. O coração não vai bater forte, as mãos não vão suar, você não vai ficar ansioso a cada ligação nem pensará no outro o dia inteiro. E, ainda assim, vai desejar estar ao seu lado, vai fazer planos, imaginar o futuro juntos, apreciar o beijo, o toque e os momentos ao lado dessa pessoa.

Para muitas pessoas, com o fim da paixão o relacionamento perde a graça. Só veem sentido na euforia, na insensatez, na conquista. Sentem um enorme vazio enorme depois que essa fase acaba e terminam a relação. Para outras, o fim da paixão traz felicidade e a calmaria anuncia que o amor está surgindo. Constroem laços e se sentem mais felizes e realizados do que do início do relacionamento.

A ciência é sábia em não permitir vivermos eternamente da fase da paixão. O que é bem diferente de afirmar que relacionamentos duradouros não são cheios de amor, surpresas e romantismo. O amor é a paixão com os pés no chão, que reconhece que manter um relacionamento requer esforço e vontade diária.

Só depois de passada a paixão é possível dizer se o amor é forte o bastante para durar.

Publicado no Amor Crônico em 26 de fevereiro de 2018.

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Giseli Rodrigues

Mãe do Lucas. Escritora. Professora. Revisora. Especialista em Letras, Recursos Humanos e Gestão Empresarial. Estudante de Psicologia. Chocólatra. Flamenguista. Pintora nas horas vagas. Bem-humorada. Feliz.

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