Em primeiro lugar: que tipo de relação você quer? Você tem direito de querer uma noite de sexo e nada mais, pegar sem se apegar ou sonhar em casar, ter filhos e viver ao lado do mesmo alguém por muitos anos. Se quer só ficar não precisa prometer romance. Se quer romance não adianta fingir que não se importa com o dia seguinte.
Relacionamento precisa ser verdadeiro, principalmente consigo mesmo. Não adianta fingir que não quer ter filhos, porque o outro não quer. Que não espera ligação no dia seguinte se sonha com isso. Que está gostando da pessoa quando só está passando o tempo. Mas, descoberto o seu verdadeiro desejo, não encare um relacionamento como sorte ou loteria.
Eu sei que a paixão nos tira do eixo e, não por acaso, dizem que ela cega. É o momento em que enxergamos apenas qualidades, queremos a pessoa a todo o momento e nada tem importância se não for ao seu lado. Só que, passada essa fase, é preciso pensar no tipo de relacionamento desejado, imaginar como quer estar no futuro e se imagina essa pessoa ao seu lado.
Se você deseja um homem que compartilha os afazeres domésticos, não adianta casar com um machista que pensa que isso é trabalho da mulher. Se você quer um bom pai para os seus filhos, não adianta se relacionar com quem tem filho e nem dá assistência a eles. Se você quer um parceiro amoroso, não adianta insistir em quem grita e destrata todos que conhece. Poderia dar milhares de outros exemplos, mas vou parar por aqui.
Eu só estou tentando dizer que não é uma boa alternativa investir emocionalmente em alguém tão diferente de você imaginado que com o passar do tempo as coisas se ajustam, as pessoas mudam e tudo será perfeito. Não será. Sim, as pessoas mudam. Mas mudam quando querem, não a pedido de alguém ou para satisfazer os desejos do outro.
Depois do casamento vocês conhecerão melhor um ao outro? Certamente. Mas o relacionamento não os transformará em outras pessoas. Muito do que você conhecia vai continuar ali, do jeitinho que era. Assim como muito de você permanecerá igual. Pessoas são únicas, autônomas, livres. São quem são. Podem lutar para serem melhores a cada dia e muitas vezes podem se sentir motivadas pelo amor que sentem pelo outro, inclusive cônjuge. Mas você não deve esperar por isso.
Não jogue com a sorte, não pense em mudar o outro, não acredite que é responsável pela transformação alheia, não aceite migalhas, não queira consertar alguém, não tenha medo de falar o que quer, não se canse de procurar o que deseja, não se machuque para deixar os outros inteiros. Quando se tratar da sua vida e do seu relacionamento, não conte com a sorte. Saiba o que te espera.
Toda vez que você pensar em dizer para alguém “que sorte você tem, meu marido – esposa, namorado(a), companheiro(o) – não faz essas coisas não!”, pense que o seu relacionamento foi uma escolha sua. O outro não tem sorte, apenas escolheu alguém diferente para compartilhar a vida.
Quem não sabe o que quer vai continuar acreditando que tem azar no amor enquanto os outros têm sorte. Então, antes de assumir compromisso com alguém pergunte a si mesmo: que tipo de relacionamento EU quero? E não aceite nada menos que isso.
Cônica publicada no Amor Crônico no dia 14 de maio de 2017.