É de se esperar que ninguém se comprometa amorosamente com um inimigo. Embora muitas pessoas, principalmente mulheres, se envolvam em relacionamentos abusivos e sofram violência de seus parceiros, isso não deve ser visto como algo tolerável e saudável. Casais devem se respeitar, confiar e viver de maneira harmoniosa.
Conheço pessoas que se casaram com seus amigos. De infância. Adolescência. Juventude. Faculdade. Trabalho. Não importa. Em um determinado momento a amizade virou amor. Como? Sexo. As pessoas gostam de complicar, mas é bastante simples e Rita Lee já explicou em uma música: “amor sem sexo é amizade”. Ninguém deseja um amigo. E é isso que o torna amigo e nada mais.
Portanto, toda vez que alguém afirma que seu companheiro é seu melhor amigo eu acho esquisito. O casal precisa, necessariamente, ter o que conversar, gostar da companhia um do outro, fazer planos. Dependendo da fase do casal, a chegada de um bebê, por exemplo, o sexo vai ficar em segundo plano. E tudo bem. Mas quando o sexo fica em segundo plano para sempre, ou sai de cena, algo vai mal.
Seu marido não tem que ser seu melhor amigo. Ele não tem que ser alguém que você acha incrível, inteligente, admira, pede opinião, faz planos. Tem que ser alguém que, além disso tudo, você deseja. Sexualmente falando. Essa é graça da coisa. Essa é a dificuldade da coisa. Dentre milhares de afazeres diários, a rotina, os compromissos, as responsabilidades, muitas pessoas deixam o sexo para depois e se distanciam do parceiro.
Deixam de ter um companheiro, um parceiro, um namorado, um marido e ganham um amigo. Às vezes é pior: ganham um filho. E isso faz mal à relação. Quando não há desejo nem adianta comprar lingerie nova, fazer escova no cabelo, mudar o perfume, ler as dez dicas para uma noite de sexo incrível das tantas revistas femininas.
Amor é uma coisa. Amizade é outra. E se você quer tudo de todo tipo de relação periga ficar sem nenhuma satisfatória. Você me entende? Um longo relacionamento não vai ter doses diárias de romantismo, presentes, café na cama, viagens repentinas e sexo selvagem. Mas precisa ter toque. Beijo. Carinho. E sexo.
Crônica publicada no Amor Crônico em 25 de junho de 2018.