Eu não sou – e nunca fui – a mais animada das foliãs. O que não significa que não goste de Carnaval. Torço pela Portela e pela Viradouro, respeito todo o trabalho dedicado às escolas de samba durante o ano inteiro. Carnaval é arte, é crítica, é resistência, é cultura, é samba. Mas também é frevo, axé, funk. E o feriado é bom para todo mundo. Para quem gosta de se jogar nos blocos, desfilar nas escolas de samba, ficar em casa, viajar, ir para um retiro espiritual, colocar as séries em dia, estudar. Não importa.
Mas este texto não é uma crítica sobre carnaval nem sobre feriado. É uma tentativa de escrever sobre amor em tempos de carnaval. Conheço muitas histórias de casais que se conheceram nesta época, se apaixonaram e formaram uma família. Conheço outros que se separaram, algumas vezes por motivos fúteis, porque um deles queria curtir os dias a sós. Assim como conheço pessoas que curtiam Carnaval, desfilavam em escolas de samba, iam a blocos, mas deixaram de festejar por terem se casado com quem não, simplesmente, não gosta de “bagunça”.
Sobre terminar para festejar os dias sozinho não há muito o que dizer: falta interesse pela pessoa, não é mesmo? Que apaixonado abdica da oportunidade de ficar vários dias com quem faz seu coração vibrar? Conhecer alguém em meio aos festejos eu acho lindo. De verdade. Meu coração canceriano fica feliz com histórias de amor, ainda mais quando acontecem em momentos que a maioria diz ser improvável.
Já pessoas que deixam de curtir o Carnaval, porque o companheiro não gosta eu acho tão triste! Ouvi recentemente de uma senhora com mais de setenta anos: “eu gostava muito de carnaval, mas meu marido nunca gostou e desde então não fui mais”. Eu sei que a vida muda e muitas vezes não é possível colocar o bloco na rua, ou não como antes. Crianças pequenas, por exemplo, exigem um tipo atenção, tem uma rotina e, claro, deixam os pais cansados. Mesmo aqueles que sempre pularam dias seguidos podem curtir de maneira diferente neste período. Mas a vida toda?
Imagina: você gosta de chocolate, mas não pode comer nunca mais, porque seu marido não gosta. Não faz sentido. Seria bem mais fácil se as pessoas se apaixonassem por quem gosta das mesmas coisas, mas nem sempre isso acontece. Por que é tão difícil conciliar os gostos, respeitar as diferenças e fazer os dois felizes? Por que um tem que abrir mão totalmente do que sempre gostou para fazer a relação ir adiante?
Como você aproveita estes dias de folia? Se refugia bem longe das festas? Se enche de purpurina da cabeça aos pés? Torce por alguma escola de samba? Está buscando um amor no carnaval? Quer continuar sem um par ou já tem um há vários carnavais? Seja como for, aproveite com muita alegria e amor, porque, como todos sabem, “todo carnaval tem seu fim.”
Crônica publicada no Amor Crônico em 24 de fevereiro de 2020.