Eu sou uma dessas poucas pessoas que considera votar um ato cívico importantíssimo. Aos 16 anos enfrentei uma fila gigantesca para tirar o título de eleitor e até hoje voto com a mesma alegria – e responsabilidade. Como só votar era pouco, fui até o cartório eleitoral e me ofereci para trabalhar nas eleições. Isso em 2004, se não me engano.
Portanto, hoje foi mais um dia especial para mim. Dia de votar, exercer o direito de escolher e lembrar que num passado nem tão distante assim, mulheres não podiam votar. Eu voto. Feliz. E, agora, ainda ensino a votar. Com a maior paciência do mundo. Alguns, votaram várias vezes e não vão aprender nunca, outros votam pela primeira vez e irão ensinar a outras pessoas no futuro. E ainda tem as crianças! Eu vejo nos olhos delas que acreditam que o país pode ser melhor se acreditarmos que sim. E, por mais que eu tenha crescido, ainda penso como elas.
O dia passa rápido. É divertido ver aquela turma de mesários que, em 2004 (será que foi antes?) era ranzinza, rabugenta e só vivia dizendo o quão absurdo era “perder” o dia de domingo trabalhando para o TRE sem ganhar um centavo, feliz. Posaram para fotos, comeram chocolates, tiveram uma santa paciência com o nosso eleitorado e, no final do dia, foram capazes de dizer: “na próxima eleição estamos juntos novamente”. A presidente, claro, ficou feliz. E vai dormir em paz.
Permita-me dizer algumas coisinhas. Não desperdice a oportunidade de expressar sua vontade através do voto. E, nunca, em tempo algum, deixe que estraguem o seu dia. É claro que meus mesários prefiriam estar na praia, mas com humor e inteligência não transformaram em tortura a imposição que lhes foi dada. De quantas torturas podemos nos livrar diariamente?
Estou cansada, exauta, mas feliz, porque ainda acho que a eleição é a maior manifestação de cidadania. Ver aquela meninada de 16 anos votando pela primeira vez, e um senhor de quase 100 fazendo questão de votar, me levam a crer que não sou a única. E que, um dia, o Brasil ainda vai dar certo.